Por que falar de acessibilidade hoje?
Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo têm algum tipo de deficiência. No Brasil, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) assegura a remoção de barreiras e a igualdade de oportunidades — abrangendo tanto o ambiente físico quanto as atitudes das pessoas e das instituições.
Acessibilidade arquitetônica: quando a cidade acolhe no concreto
A acessibilidade arquitetônica garante autonomia, segurança e independência em edifícios e espaços públicos. No Brasil, os parâmetros de projeto e adaptação estão consolidados na ABNT NBR 9050:2020 e dialogam com o Desenho Universal.
Elementos essenciais que fazem diferença no dia a dia:
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Calçadas contínuas e niveladas, com faixa livre de circulação e piso tátil direcional/alerta bem instalado e contrastante.
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Rebaixamento de guias (rampas) corretamente dimensionado, sem degraus no encontro com a rua.
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Travessias acessíveis: tempos de semáforo adequados, botoeiras em altura acessível, sinalização sonora e visual.
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Transporte acessível: ônibus com elevador ou piso baixo, assentos reservados e informação visual e sonora nas paradas.
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Rotas acessíveis internas em prédios: rampas, elevadores, corrimãos duplos, portas e circulações com largura adequada, banheiro acessível sinalizado.
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Sinalização e comunicação com alto contraste, pictogramas compreensíveis e wayfinding intuitivo.
Dica para gestores e arquitetos: em obras novas e reformas, exija memorial de acessibilidade, ART/RRT e verifique a rota porta a porta (calçada → acesso → circulação interna → sanitário → serviço), com auditorias envolvendo usuários reais.
Acessibilidade atitudinal: quando a cidade acolhe nas relações
A LBI define barreiras atitudinais como atitudes e comportamentos que limitam a participação em igualdade de condições. Mesmo com rampa pronta, preconceito, desinformação ou “boa vontade sem preparo” ainda podem excluir.
Boas práticas para governos, serviços e comércio:
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Atendimento respeitoso e informado: pergunte como ajudar, não presuma. Fale com a pessoa, não com o acompanhante.
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Comunicação acessível: linguagem clara; materiais em leitura fácil; Libras e legendas quando possível; avisos em áudio e texto; site acessível.
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Direito ao cão-guia e às tecnologias assistivas sempre respeitado.
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Filas e assentos preferenciais sem desconfiança ou constrangimento.
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Treinamento periódico das equipes para evitar microagressões, infantilização e “capacitismo cordial”.
Checklist rápido (para salvar e compartilhar)
Para quem gere espaços: rota acessível contínua desde a calçada; banheiro acessível; informação em múltiplos formatos; equipe treinada; canal de ouvidoria acessível.
Para cidadãos e ativistas: documente barreiras; planeje eventos com Libras/legendagem e rota acessível; revise práticas a partir do feedback dos usuários.
Conclusão
Cidades verdadeiramente inteligentes são as que removem barreiras e ampliam liberdades — no concreto das calçadas e no invisível das atitudes. No Dia Mundial das Cidades, renovamos o compromisso: ninguém fica de fora.
Fontes
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UN-Habitat — World Cities Day e Urban October.
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Tema 2025: People-Centred Smart Cities e observância global em Bogotá.
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Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015) — conceitos de barreiras e acessibilidade.
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ABNT NBR 9050:2020 — critérios de acessibilidade em edificações e espaços urbanos.
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Decreto 5.296/2004 — definição de Desenho Universal no Brasil.



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