Nos meus tempos de Ensino Fundamental, vi uma aluna (com baixa visão) mudar de turno porque uma professora disse a ela a seguinte pérola: *Aluno cego não estuda comigo." Resultado: a menina mudou de turno, nós nos conhecemos e namoramos cinco anos. E, hoje, ela já tem até livro publicado.
Contei essa história toda pelo seguinte: anda muito em voga, quase virando lugar-comum, uma palavra chamada CAPACITISMO. O conceito é mais ou menos o seguinte: só dar oportunidade a pessoas que já demonstrem ter a capacidade / habilidade / talento para determinada atividade / função. Segundo os criadores do termo, quem não revela tal "dom" é excluído do "processo seletivo",, ficando à margem da sociedade.
Talvez seja prudente trocar a lente com a qual se olha para essa situação. Muita gente capacitada fica fora do "processo seletivo" por ter alguma deficiência. Essas pessoas, sim, mereceriam ser mais contempladas e receber mais oportunidades de qualificação, treinamento, INCLUSÃO. Talvez aquela professora da história que contei no começo pudesse ter sido substituída por um(a) professor(a) com outro tipo de deficiência.
Capacirar só para dizer que está incluindo quem não tem capacidade é desserviço. Nem Deus deu asa à cobra.