"A princípio a ideia era falar apenas sobre o mundo nerd, cover, games, desenhos e coisas relacionadas ao tema, mas depois que entrei para a faculdade percebi que posso ajudar quem passa pela mesma situação que a minha".
Mari Romano, como é conhecida no ambiente virtual, continua falando sobre os temas que gosta, mas aproveita o espaço para mostrar as dificuldades de acessibilidade, não só na cidade onde mora, mas também em situações cotidianas, como jogar vídeo game e frequentar baladas.
Acesse aqui o canal no Youtube da Mari Romano
"Tem games que infelizmente eu não consigo jogar. Existem os áudios games, mas esse tipo de mercado precisa investir mais nisso. Recentemente tive uma experiência negativa com um jogo, e aí querendo ou não, a gente fica chateada", desabafa.
A youtuber divide seu tempo entre as aulas de inglês, o Lar das Moças Cegas, a universidade e claro, as gravações para o canal que são feitas em um estúdio no Gonzaga, em Santos. "Antes fazia as gravações em casa, mas há uns meses o namorado do meu primo montou uma produtora e se ofereceu para me ajudar na produção dos vídeos".
No canal, os vídeos são postados uma vez por semana, geralmente às quintas-feiras, e fazem sucesso, principalmente por atingir deficientes visuais.
Mari conta que já recebeu mensagens de pessoas agradecendo pelos vídeos, que se sentem representados e, além disso, ela garante que conseguiu mudar o modo como as pessoas tratam o deficiente visual.
"Muita gente encara a cegueira como limitação. Particularmente odeio a palavra superação, parece que somos demolidores, sabe? Todo mundo supera algo e com a gente é igual. Não há nada de mais em não enxergar".
Superproteção
Mesmo com toda essa independência, Mari Romano conta que no começo foi difícil convencer sua mãe a deixá-la fazer faculdade.
"É claro que os pais ficam preocupados, é difícil mesmo, mas a gente precisa de um voto de confiança". Certa disso, a youtuber até gravou alguns vídeos sobre como andar sozinha na rua, como se virar com os estudos e ainda como lidar com a insegurança, evitando roubos.
Durante todo o bate-papo com A Tribuna On-line, a futura jornalista deixou bem claro que ser deficiente visual nunca foi um problema na sua vida. " Sou feliz do meu jeito, é claro que às veze bate uma deprê, como pode acontecer com qualquer outra pessoa. Pra mim, isso tudo é maior do que a cegueira, através do canal consigo chegar a pessoas que precisam de motivação".
Fonte: A TRIBUNA