quinta-feira, 11 de setembro de 2025

O legado invisível do 11 de Setembro: por que aumentou o número de PCDs nos Estados Unidos

Quando lembramos do 11 de Setembro de 2001, pensamos nas vidas perdidas naquele dia. Mas há um legado silencioso que segue crescendo: dezenas de milhares de pessoas adoeceram ou ficaram com sequelas permanentes por causa da exposição à nuvem tóxica de poeira, do trauma psíquico e das condições extremas de trabalho e sobrevivência. Estimativas oficiais indicam que cerca de 400 mil pessoas foram expostas a contaminantes perigosos e a intenso estresse físico e emocional nos dias e meses seguintes ao desastre. Isso inclui socorristas, moradores, trabalhadores e estudantes de Lower Manhattan. CDC+1

De exposição à deficiência: o que mudou

Após os atentados, foi criado o World Trade Center Health Program (WTC-HP), administrado pelo CDC/NIOSH, para acompanhar, diagnosticar e tratar condições relacionadas ao 11/9 (respiratórias, gastrointestinais, de saúde mental e cânceres). O programa hoje reúne mais de 136 mil membros atualmente ativosaprox. 84,6 mil socorristas (FDNY e demais) e 50,8 mil sobreviventes civis — e segue recebendo novas adesões a cada trimestre, evidenciando que os efeitos tardios continuam a aparecer à medida que a população envelhece. CDC

Essa população apresenta altas taxas de doenças respiratórias crônicas, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e diversos tipos de câncer, condições que, quando limitam atividades ou trabalho, se enquadram como deficiência. Revisões científicas e painéis do próprio programa mostram associação entre exposição à poeira do WTC e TEPT, além de aumento de vários cânceres (como próstata, tireoide, leucemias) entre socorristas. PMC+1

Números que ajudam a dimensionar o impacto

  • Expostos: ~400.000 pessoas com risco aumentado de problemas de saúde ligados ao 11/9. CDC+1

  • Acompanhados hoje no WTC-HP: 136.862 membros ativos (dados até 30/06/2025), dos quais 68.822 socorristas “gerais”, 15.775 do FDNY, 50.827 sobreviventes civis; há ainda 1.438 socorristas do Pentágono/Shanksville registrados. CDC

  • O WTC Health Registry (registro epidemiológico da cidade de NY) segue monitorando mais de 71 mil respondentes e sobreviventes, investigando inclusive condições emergentes (declínio cognitivo, cardiovasculares, etc.). CUNY ISPH+1

O que esses números contam? Que uma parte significativa da população exposta desenvolveu doenças crônicas e limitações funcionais anos depois — o que aumenta a população de PCDs nos EUA por causas diretamente ligadas ao 11/9.

Não foi “só” Nova York: veteranos do pós-11/9

Outro vetor de crescimento da população com deficiência deriva do período pós-11/9: os conflitos no Afeganistão e no Iraque produziram uma nova geração de veteranos com sequelas físicas e cognitivas. Em 2022, 40% dos veteranos pós-11/9 relataram deficiência relacionada ao serviço, proporção superior a gerações anteriores; eles também apresentaram maior probabilidade de deficiência cognitiva que outros veteranos e não veteranos, segundo o CBO e o U.S. Census. Essas estatísticas ajudam a explicar por que, no agregado, a população de PCDs no país cresceu ao longo das últimas duas décadas. Cbo+2www2.census.gov+2

O que é reconhecido como deficiência nesses contextos?

  • Respiratória/“aerodigestiva”: asma persistente, bronquite crônica, DPOC, refluxo grave. CDC

  • Oncológica: diversas neoplasias listadas pelo programa (com certificação para tratamento). CDC

  • Saúde mental: TEPT, depressão e ansiedade crônicas que limitam vida diária e trabalho. PMC

Essas condições, quando contínuas e limitantes, enquadram a pessoa como PCD segundo critérios amplamente utilizados em políticas públicas e sistemas de saúde.

Por que isso importa para a inclusão?

  1. Planejamento de saúde e previdência: saber que a “curva” de adoecimento é longa garante financiamento adequado para monitoramento, diagnóstico precoce e reabilitação. O relatório estatístico do WTC-HP mostra que novas inscrições seguem ocorrendo, e a própria página oficial alerta que os dados são atualizados trimestralmente — ou seja, a demanda não acabou. CDC

  2. Direitos e acessibilidade: reconhecer que centenas de milhares foram expostos e que uma parte ficou com limitações funcionais reforça políticas de emprego, adaptações e combate ao capacitismo. CDC

  3. Memória e cuidado continuado: o impacto de 2001 ainda se traduz em necessidades de 2025 — do acompanhamento oncológico ao apoio em saúde mental — e isso precisa de compromisso público e social permanente. Gobierno de Nueva York

Onde buscar ajuda e dados oficiais

  • World Trade Center Health Program (CDC/NIOSH): estatísticas, elegibilidade e centros de atendimento. CDC

  • World Trade Center Health Registry (NYC Health Dept.): pesquisas, boletins e encaminhamentos. Gobierno de Nueva York

  • CBO e U.S. Census (veteranos pós-11/9): relatórios sobre deficiência relacionada ao serviço. Cbo+1


Em síntese

O 11 de Setembro não foi apenas um evento histórico; foi o início de uma crise crônica de saúde pública que ampliou a população de pessoas com deficiência nos EUA. Isso ocorreu por dois caminhos principais e cumulativos: (1) sobreviventes e socorristas com doenças e transtornos de longa duração ligados ao desastre; e (2) veteranos de guerra do período pós-11/9 com altas taxas de deficiência relacionada ao serviço. Reconhecer esse legado é essencial para garantir cuidados contínuos, inclusão no trabalho e combate ao capacitismo — valores que movem o nosso Cantinho.

Fontes principais: CDC/NIOSH – WTC Health Program; NYC Department of Health – WTC Health Registry; Congressional Budget Office (CBO) e U.S. Census (veteranos). www2.census.gov+5CDC+5CDC+5

Texto e imagem produzidos com inteligência artificiall
Autor responsável: José Eduardo Thomé de Saboya Oliveira.

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