sexta-feira, 9 de maio de 2025

🐵 O que a gorila Koko nos ensinou sobre linguagem — e o que isso tem a ver com a Libras?

👆 Gesto da gorila (mão esquerda com dedo mínimo e polegar estendidos): Esse é o sinal de “I love you” na American Sign Language (ASL). Ele combina três letras do alfabeto manual em inglês:  I (dedo mínimo),  L (polegar e indicador),  Y (polegar e dedo mínimo).  📌 Significado: “Eu te amo”.  🤙 Mão à direita (estilo “hang loose” ou “shaka”): Esse gesto é comum em várias culturas, mas em contexto de Libras (quando usado com movimento), pode representar:  Telefone (com movimento de levar à orelha),  Ou, em contextos informais, cumprimento amigável, mas não é um sinal formal da Libras por si só.  👋 Segunda mão com o polegar tocando o queixo (gesto à direita): Este é um sinal básico da Libras, usado para representar:  “Obrigado(a)” – quando a mão parte do queixo para a frente (em direção ao interlocutor),  Ou “Oi”/“Olá”, dependendo da posição e do movimento.  📌 Na imagem, parece representar um gesto próximo de “obrigado(a)”.
Em um mundo em que ainda se valoriza excessivamente a palavra falada, a história da gorila Koko nos convida a repensar o que é, de fato, linguagem. Koko nasceu em 4 de julho de 1971 e ficou famosa por sua capacidade de se comunicar com humanos usando a língua americana de sinais (ASL). Ao longo da vida, aprendeu mais de mil sinais e compreendia cerca de duas mil palavras do inglês falado.

Ela não falava, mas se expressava. E muito bem.

Demonstrava alegria, tristeza, saudade e até senso de humor. Quando seu gatinho de estimação morreu, Koko fez o sinal de “chorar”. Quando estava feliz, sorria com os olhos e os gestos. Sua comunicação era limitada em vocabulário, mas carregada de intenção, emoção e afeto.

Essa história comoveu o mundo.

E, no entanto, paradoxalmente, a Libras — a Língua Brasileira de Sinais — ainda luta por reconhecimento pleno em nossa própria sociedade.

📚 Libras é linguagem. E é viva.

A Libras é a principal forma de comunicação de milhões de brasileiros surdos. Ela possui estrutura gramatical própria, regras linguísticas complexas e é reconhecida por lei (Lei nº 10.436/2002) como meio legal de comunicação e expressão. Assim como o português, a Libras permite expressar pensamentos abstratos, contar histórias, fazer piadas, argumentar e filosofar.

Mas, apesar de tudo isso, ela ainda sofre com preconceito linguístico.

Quantas vezes você já ouviu alguém dizer que Libras é “mímica”? Ou que "aprender Libras não é tão importante"? E, pior: quantos serviços públicos, escolas e instituições ainda negligenciam o direito básico de acesso à informação por meio da Libras?

🤔 Então... o que Koko tem a ver com isso?

Koko não era surda. Também não era humana. Mas ela nos emocionou ao mostrar que a comunicação não depende da fala — e sim da intenção de se conectar.

A sociedade que se comove com uma gorila sinalizando “amor” precisa, urgentemente, aprender a valorizar as pessoas que também sinalizam amor, dor, alegria e esperança todos os dias, usando uma língua plena: a Libras.

O paralelo aqui não é linguístico — é simbólico.

Koko nos lembra que a linguagem é mais do que palavras. É gesto, olhar, presença. É a ponte que nos une, mesmo em mundos diferentes.

🌍 Para uma sociedade mais acessível

A história de Koko pode ser o começo de uma conversa maior. Se nos tocamos com a capacidade de um animal em aprender sinais, por que ainda somos tão lentos em garantir o direito das pessoas surdas à comunicação plena?

Valorizar a Libras é valorizar vidas.
É garantir cidadania, educação, saúde, cultura e inclusão.

Mais do que isso, é reconhecer que há muitas formas legítimas de se comunicar — e todas merecem respeito.


📌 Que tal aprender o básico de Libras? Um simples “olá”, “obrigado” ou “tudo bem?” pode fazer a diferença na vida de alguém.

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