segunda-feira, 19 de maio de 2025

Quando a Prioridade Perde o Sentido: Bebês Reborn e o Uso Indevido de Direitos Preferenciais

Você já ouviu falar em pessoas que tentam usar bonecos reborn para conseguir lugar em filas preferenciais, assentos em transportes públicos ou atendimento prioritário? Parece absurdo, mas está acontecendo.


Os chamados “bebês reborn” são bonecos extremamente realistas, criados com propósitos artísticos, terapêuticos ou afetivos. Não há problema algum em ter carinho por um reborn — o que não se pode é usá-lo para tentar ocupar um lugar que pertence a quem enfrenta desafios reais e urgentes.


Fila preferencial não é brincadeira.


Ela existe para mães com bebês de verdade, idosos, pessoas com deficiência visível ou invisível, gestantes e outras condições protegidas por lei. Pessoas que carregam bonecos reborn como se fossem filhos, por mais sinceras que sejam suas emoções, não podem ser colocadas na mesma categoria de quem tem um filho de colo, uma bengala, uma prótese ou uma limitação de mobilidade.


Esse tipo de atitude enfraquece a luta por direitos conquistados com muita dificuldade. Pior: gera constrangimento e desconfiança para quem realmente precisa da prioridade, como uma mãe cansada com um bebê chorando ou uma pessoa com deficiência invisível que já é julgada em silêncio.


Claro que o acolhimento emocional é importante. Respeitamos quem encontra nos bebês reborn uma forma de lidar com perdas, medos ou afetos. Mas acolher é diferente de equiparar. E, nesse caso, o que está em jogo não é o sentimento individual, mas o impacto coletivo.


Direito não é fantasia. Prioridade não é capricho.

E empatia também é saber ceder o lugar certo para quem realmente precisa.

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