sexta-feira, 16 de maio de 2025

O “Limite” do TDAH: Quando o Corpo e a Mente Pedem Socorro

Por que algumas pessoas com TDAH chegam a um ponto de exaustão total? O que acontece quando os sintomas ultrapassam os próprios limites?

Neste artigo, vamos entender, de forma clara e didática, o que significa o “limite” do TDAH — um termo cada vez mais usado por pacientes, familiares e profissionais para descrever momentos críticos da condição.

O que é TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurológica que afeta funções executivas do cérebro, como o foco, a organização, o controle emocional e a memória de trabalho. Os sintomas variam de pessoa para pessoa e podem incluir:

  • Dificuldade de concentração;

  • Impulsividade;

  • Hiperatividade (física ou mental);

  • Desorganização;

  • Problemas com o tempo (procrastinação ou hiperfoco);

  • Baixa tolerância à frustração.

Mas o que é esse “limite”?

O limite do TDAH não é um conceito médico oficial, mas sim um termo usado para descrever um estado de sobrecarga física, mental e emocional. É quando a pessoa não consegue mais lidar com as demandas da rotina, e os sintomas saem do controle.

Imagine um copo d'água sendo preenchido durante o dia com cada tarefa, cobrança, barulho ou mudança inesperada. Pessoas neurotípicas (sem TDAH) têm mecanismos naturais para esvaziar esse copo aos poucos. Já quem tem TDAH costuma acumular — e, em algum momento, o copo transborda.

O que acontece quando esse limite é ultrapassado?

Ultrapassar o limite do TDAH pode provocar uma crise de esgotamento. Os sinais mais comuns incluem:

  • Colapso emocional (choro, raiva, explosões verbais);

  • Travas mentais (ficar paralisado diante de tarefas simples);

  • Esquecimentos graves;

  • Dores físicas (de cabeça, musculares, fadiga crônica);

  • Crises de ansiedade ou pânico;

  • Isolamento social;

  • Sentimentos de incapacidade ou autodepreciação.

Em casos mais graves, isso pode desencadear episódios depressivos ou quadros de burnout — especialmente quando a pessoa tenta se forçar a funcionar “como todo mundo”.

Por que isso acontece?

Pessoas com TDAH vivem em constante esforço para parecer “normais”. Esse esforço tem um nome: masking (mascaramento). É quando a pessoa tenta camuflar seus sintomas, organizando-se à força, evitando distrações a qualquer custo e lutando contra a impulsividade sem descanso. Com o tempo, isso cobra um preço alto.

Além disso, o cérebro com TDAH gasta mais energia para realizar tarefas rotineiras, o que gera uma fadiga cognitiva que a maioria das pessoas não percebe — até ser tarde demais.

O que fazer antes de atingir o limite?

  1. Reconhecer os sinais de alerta: irritabilidade frequente, insônia, falhas de memória, sensação de sobrecarga.

  2. Pedir ajuda profissional: psicólogos, psiquiatras e terapeutas ocupacionais podem ajudar a organizar a rotina e tratar o transtorno.

  3. Adaptar o ambiente: usar recursos visuais, lembretes, técnicas de Pomodoro, pausas regulares e simplificação de tarefas.

  4. Buscar apoio: grupos de apoio, familiares compreensivos e ambientes que respeitem a neurodiversidade fazem diferença.

E se eu já ultrapassei esse limite?

A primeira coisa é: não se culpe. Você não falhou. Você está esgotado — e isso pede acolhimento, não cobrança. O ideal é:

  • Parar e descansar (de verdade, sem culpa);

  • Reavaliar o que está te exigindo demais;

  • Estabelecer novos limites e dizer mais “nãos”;

  • Voltar aos poucos às atividades, priorizando a saúde mental.

Concluindo…

O “limite” do TDAH é real, embora invisível para quem olha de fora. Ultrapassá-lo pode trazer consequências sérias, mas é possível se recuperar, ajustar a vida e seguir com mais autocompaixão.

Falar sobre isso é um passo importante para tirar o peso da culpa e trazer mais consciência sobre o cuidado necessário com quem vive esse transtorno todos os dias — inclusive com você mesmo, se for o caso.


📌 Compartilhe com alguém que precisa entender melhor o TDAH. A informação também pode ser um alívio.

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