Por Deborah Prates
CAPACITAÇÃO é a palavra da hora. Não tenho dúvidas de que hão que ser capacitados gestor e seus assessores em geral para que aconteça a – tão sonhada – cidade sustentável em todos os seus nuances. Nas minhas andanças pela RJ, dessa feita, decidi verificar as ciclovias. Não obstante saber que o Povo Carioca vive nos cartões postais negociados com o Planeta, jamais me conformarei com as desumanidades encontradas a cada dia. O INCONFORMISMO é a força propulsora dos que querem mudar algo, sendo, notadamente, a principal característica do MILITANTE.
Julguem a situação que descreverei e respondam se consideram correta. Entre as Ruas das Flores e Santo Afonso, no bairro da Tijuca, há uma rampa destinada às pessoas com deficiência e mobilidade limitada, que, agora, faz parte do traçado da CICLOVIA. Esse meio de acessibilidade está no percurso da faixa delimitada entre linhas vermelhas que compõe a pista exclusiva para bicicletas, valendo dizer para a prática do ciclismo, em total DESRESPEITO a liberdade de circulação das pessoas com e sem deficiência. Excêntricas, singulares, estraordinárias se mostram as insensibilidades do Sr. Gestor e sua Equipe.
Pela milionésima vez repito que a HUMANIDADE HÁ QUE SE LEMBRAR QUE DERIVA DO HUMANO! Brabo, né? Continuem acompanhando o conjunto de circunstâncias que elencarei.
Há quase duas décadas que a questão das ciclovias perpassa pela política pública da Prefeitura da RJ, curiosamente capitaneada, originalmente, pela Secretaria do Meio-ambiente e não pela dos Transportes. A bicicleta tem relevância internacional desde a crise do petróleo (anos 70), quando a rainha da Bélgica saiu pedalando pelas ruas de Bruxelas, como exemplo para que as pessoas percorressem boas distâncias sem o uso do combustível sujo.
No Brasil, a bicicleta passou a ser considerada como símbolo de uma sociedade ecologicamente correta e não como parte do sistema de transporte da cidade.
Tem a RJ a peculiaridade de ser cidade litorânea, pelo que, de pronto, investir em barcas, seguindo-se do metrô, bondes e trens seria a solução para o transporte dos cariocas. Isso sim romperia com o rodoviarismo urbano. A população ganharia triplamente. Primeiro por ser de manutenção enormemente mais barata. Segundo, porque diminuiriam o trânsito de automóveis e ônibus, além da emissão dos gases poluentes. Terceiro pela capacidade de transportar milhares de pessoas de modo HUMANO. Nem gado é transportado como estamos sendo! Equivaleria dizer, com a real implementação do combustível VERDE/LIMPO! “ME ENGANA QUE EU GOSTO”!
Entretanto, por serem obras que levam mais do que 4 anos, não se tornam interessantes para os gestores instantâneos/rápidos. Sem passado, nem futuro, praticam, com a nossa autorização/voto, tremendas estratégias eleitorais. Nessa visão CEGA, melhor levar as bandas de músicas para inauguração, por exemplo, do sistema BRT – Bus rapid transit – que consiste em pistas exclusivas para ônibus com operação semelhante a modos de transporte sobre trilhos, a fim de nos enganar. Cof, cof, cof! Quanto gás carbônico em nossos pulmões! HAJA ÓLEO DE PERÓBA! Haveria um conluio com essa indústria? Será?
Então, sim, ônibus e BICICLETAS seriam complementares ao sistema. Carro, somente para aqueles que se encontram em situações especiais, tais como: Professores, vendedores, pessoas com deficiência, taxistas e outros. Assim dizia o Plano Diretor de 1992.
Na RJ as ciclovias tiveram destaque na parte nobre da cidade. Começaram, sob o rótulo “VERDE”, na zona sul, com ares de lazer e exercício para os que desejavam se manter em forma. Bem ao ritmo da “FÔRMA DA INDÚSTRIA DA MODA”. Nesse espírito a velocidade é fundamental. Quem nunca ouviu contar de transeuntes atropelados por ciclistas em desesperada velocidade? Eu mesma tive o desprazer de acompanhar o sofrimento de um pai – 70 anos – que se vira com um coágulo na cabeça por ter sido abalroado por uma bicicleta veloz. Você também tem um caso para contar, né?
Levar à prática por meio de providências concretas a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL é a única chave do sucesso. Precisamos mudar nossos maus hábitos, pelo que a CAPACITAÇÃO DO SR. GESTOR E SUA EQUIPE é para ontem! Essa gestão é tão fast que pretende fazer a RJ a cidade com maior quilometragem em ciclovias no mundo. Absolutamente sou contrária a essa boa ideia, desde que fosse implementada com humanidade, guardando-se as cabíveis proporções, o que não está acontecendo.
No dia-a-dia constatamos ciclovias instaladas nas precárias calçadas, de forma a competir e colocar em risco a integridade física dos pedestres.
Repito que em alguns lugares da cidade, as rampas destinadas para a acessibilidade/passagem de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, foram utilizadas para o caminho das ciclovias, desrespeitando integralmente a liberdade de circulação dos indivíduos. Para o Sr. Gestor pouco importa cada ser humano considerado na sua individualidade física ou espiritual, portador de qualidades que se atribuem exclusivamente à espécie humana, quais sejam, a racionalidade, a consciência de si, a capacidade de agir conforme fins determinados e o discernimento de valores. Necessitamos nos REDESCOBRIR!
Acompanhem a insanidade em que estamos mergulhados. Faixas pintadas em listras brancas, destinadas à travessias de pedestres, foram deslocadas para locais sem rampas em prol dos caminhos exclusivos para bicicletas. Loucura, hein? Não é por acaso a quantidade de acidentes que envolvem pedestres e ciclistas. Além dos pedestres terem perdido seus espaços nas calçadas absolutamente INACESSÍVEIS, vêm-se obrigados a dividi-las com ciclistas, que desconhecem, em sua maioria, as normas de bom convívio em comunidade. Tudo por culpa do Sr. Gestor que está incapacitado para transformar a RJ em cidade sustentável em todos os seus matizes.
Os fatos acima são, tão-só, ilustrativos, vez existirem “n” situações similares. Ninguém faz nada! Absolutamente NADA! Pesquisas informam uma forte tendência de repetição de mandato. Você fez parte dessa pesquisa de opinião? Eu nunca fui inquirida e nem nenhum dos meus amigos, apesar de estar perambulando direto pelas ruas da RJ. Bem, de minha parte, por ser pessoa com deficiência, sei da ocorrência do triste fenômeno da invisibilidade, razão pela qual luto para mudar esse patético quadro. E você será capaz de vencer o preconceito e a terrível discriminação dando-me OPORTUNIDADE DE OCUPAR UMA DAS CADEIRAS NA CÂMARA DOS VEREADORES/RJ NO PRÓXIMO OUTUBRO/2012? Louis Pasteur já dizia: “As mentes decididas descobrem as oportunidades”!
Carinhosamente.
DEBORAH PRATES
Creia no potencial da mulher com deficiência!
Fonte: DeficienteCiente
O pior cego é o que não quer ver
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