quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Vídeo emocionante quer mudar a maneira como nós enxergamos pessoas com deficiência





A Associação Noemi tem uma missão muito importante: mudar a maneira como nós enxergamos pessoas com deficiência. 

“Nós queremos que vocês olhem para essas pessoas de uma maneira positiva, respeitando sua dignidade e oferecendo alegria e felicidade“, eles pedem.


Para isso eles criaram o vídeo Os Olhos de uma Criança (“The Eyes of a Child”, em inglês). O conceito é simples: pais e filhos são colocados em uma sala e separados por uma pequena parede. Lado a lado, eles começam a imitar as caretas que aparecem na tela. Até que uma garotinha com deficiência aparece — e a reação das crianças se mostra bem diferente da dos pais. Assista: 







De acordo com o vídeo, crianças (que ainda são aqueles seres meigos e sem preconceitos) encaram a careta da garota como o de qualquer outra menininha, enquanto os pais se sentem desconfortáveis em imitar os gestos exibidos. As imagens fizeram sucesso e já foram vistas por mais de 1,2 milhão de pessoas.

Dê sua opinião: O que você achou da ideia do vídeo? Acha que o exemplo foi bem utilizado? Deixe seu comentário e aproveite para nossa fanpage no Facebook.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Cadeirantes brasileiras contam em blogs como é a vida no exterior

Países desenvolvidos oferecem mais acessibilidade para deficientes. Brasil ainda está muito atrás de países como Estados Unidos e Canadá.

Quase 46 milhões de brasileiros têm alguma deficiência física. Por aqui, a vida deles pode ser cheia de obstáculos, mas, em alguns países, as cidades estão cada vez mais acessíveis.
Quantas vezes você viu um cadeirante circulando pelas ruas brasileiras sozinho, sem precisar da ajuda de ninguém? Totalmente independente? E quantas vezes você entrou em um restaurante, e foi atendido por um garçom surdo e mudo?
Quanto mais um país é desenvolvido, mais condições ele oferece para uma pessoa com deficiência levar uma vida normal. E é por isso que nos Estados Unidos, em países da Europa e também no Canadá, é muito mais comum ver pelas ruas pessoas com necessidades especiais do que no Brasil.
É a situação de três brasileiras: Regina é arquiteta, Michele é estilista, e Mila, publicitária.
Michele Simões: Nas ruas do Brasil, pelo menos de São Paulo, eu não consigo andar sozinha.
Fantástico: Nunca?
Michele Simões: Não.
Mila Guedes: No Brasil as calçadas são cheias de buracos, são irregulares, tem degraus. É impossível eu andar. Lá, eu sempre dependo de outras pessoas para me conduzir.
Regina Cohen: Eu gosto à beça de fazer compras no supermercado, de ir na farmácia, de olhar as coisas. Todas as lojas têm degrau.
Mila Guedes: E o provador? É impossível! Aqui você tem provador para quem tem deficiência.
Vítimas da falta de acessibilidade nas cidades brasileiras, Mila e Michele saíram do Brasil para experimentar um pouco da vida onde os deficientes são mais respeitados. Elas são blogueiras, e querem passar a experiência para frente. Incentivar outros cadeirantes a viajar.
“Para a minha surpresa muitos deficientes querem viajar, e muitos deficientes têm os mesmos medos que eu tinha, as mesmas dúvidas”, conta Michele. Esta é a primeira vez que ela viaja sozinha, sem companhia de ninguém. Só ela e sua cadeira. Foi para Montreal, no Canadá. Hospedou-se em um apartamento com portas e banheiro acessíveis para cadeirantes e experimentou uma liberdade única na sua vida.  “Se o lugar não é deficiente, eu não me sinto deficiente”, explica.
Pequenos detalhes, grandes diferenças. “Existe o botãozinho mágico. Você tá no banco, você aperta e a porta já abre, e você consegue entrar, e não fica passando aperto para conseguir abrir ou fechar a porta”, diz Michele. E o botão ‘mágico’, está na porta de escolas, shoppings e edifícios.
Fantástico: Se você estivesse no Brasil, como seria?
Michele: Eu tenho ou que usar a própria cadeira, eu vou empurrando a porta.
Fantástico: Mas bate na sua perna?
Michele: Bate, não tem jeito. Ou pedir ajuda para alguém, né. A melhor parte é quando você não precisa pedir ajuda, porque aí você volta a se sentir segura. Nossa, eu posso ir para qualquer lugar.
Se na entrada do prédio tem escadas, ao lado tem um elevador para cadeirantes. E, nas esquinas, as calçadas são rebaixadas para dar acesso a qualquer tipo de cadeiras de rodas. Em Montreal, Michele pode fazer passeios de turista. Ir a um museu, por exemplo. Coisas a que um cadeirante nem sempre tem acesso no Brasil.
A arquiteta Regina veio participar de um congresso mundial sobre turismo acessível. Apresentou um projeto interessante: a praia para cadeirantes. Um espaço criado para a cadeira andar sobre a areia. E criticou a falta de acesso aos pontos turísticos do país, no ano que antecede os jogos paralímpicos de 2016. “Cristo redentor, ponto turístico importante da cidade do Rio de Janeiro. Por que colocaram uma escada rolante, que custou caríssimo? Porque não colocaram um elevador? Escada rolante para cadeira de rodas não é bom. A cidade tem que ser universal, para todos”, afirma.
Você entra em um restaurante e os garçons se comunicam com os clientes na linguagem dos sinais: são todos surdos e mudos. No cardápio, os clientes aprendem os sinais para pedir os seus pratos. Depois de dar uma rápida estudada, resolvemos tentar.
Renata Ceribelli: “Eu quero uma salada verde, com frango, ok?”. Eu confesso que eu fico envergonhada de saber tão pouco sobre a linguagem dos sinais, mas a ideia do restaurante é justamente essa: você vir até aqui, e aprender a se comunicar com eles.
A condição deles não parece ser uma barreira. Pelo contrário. O restaurante está cheio. “É excelente, interativo, uma experiência fenomenal”, elogia um cliente.
Perguntamos para um outro cliente se ele vai se comunicar mais facilmente com surdos e mudos depois dessa experiência. “Sim”, ele responde na linguagem de sinais.
“Tenho amigos que são surdos e eu nunca tentava falar com eles em sinal, eu sempre mandava mensagem escrita no celular e era assim que a gente conversava. Acho que agora quando eu encontrar com eles, vou pelo menos tentar falar por sinal. Ter menos vergonha de tentar”, comenta um brasileiro, também cliente do restaurante.

Fonte: Fantástico - 11-01-2015.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Febre do stand up paddle ganha versão acessível ao cadeirante


Esporte cada vez mais praticado no mundo, o stand up ganhou modelos com adaptação para
deficientes que já estão sendo usados no Brasil.

11/01/2015 22h47
Atualizado em 12/01/2015 00h20

Verão, muito calor e a água convidando pro mergulho. O stand up paddle, aquele parente próximo do surf, que é feito com uma prancha a remo, está cada vez mais popular e até mais acessível, inclusive para cadeirantes.
Guarujá. Foi no litoral de São Paulo que Taíu Bueno começou a surfar com 12 anos. Aos 20, foi morar no Havaí e virou profissional. Em 1984, foi campeão brasileiro. Depois disso, passou a competir nos circuitos mundiais, sempre se destacando nas grandes ondas. Em 1991, estava participando do circuito mundial e do brasileiro quando a queda em uma onda pequena, perto da areia, em Paúba - litoral Norte de São Paulo - mudou completamente seus planos. Taíu perdeu os movimentos do pescoço para baixo e passou 18 anos sem pegar onda. Desde 2010, voltou a surfar.
"Mas, que loucura! Eu não faço nada. Sento na prancha e tenho a mesma emoção que eu tinha antes. Eu estou nessa prancha e tenho o meu coração, minha emoção, minha alma. Minha alma está de novo deslizando. E, pô, deslizar é tudo né?”, explica Taíu.
Desde o acidente, no auge da carreira, Taíu não se conformava em ficar longe do mar.
“Eu chorava, eu falava ‘meu, olha aquela onda e o cara vacilou. Por que sou eu que estou aqui? Socorro!’”, conta o surfista.
Com muito apoio dos amigos, conseguiu adaptar uma prancha. Ela é grande para dar estabilidade. Tem um assento especial e precisa da ajuda de mais duas pessoas. “Eu fiquei muito empolgado. Fiquei muito pirado. Chorava. Falei ‘imagina as outras pessoas podendo passar por isso’”, relembra Taíu.
É o caso do publicitário Alexei Schenin, o Ksei, que veio surfar pela segunda vez na prancha do Taíu! “Você vai ouvindo, a onda vai chegando, o mar vai chegando, chegando. Rema, rema, rema. O coração vai batendo, batendo, batendo. Vai, vai, vai. Rema, rema, rema. Desce, aí é só alegria”, narra Alexei.
O acidente do publicitário foi em 2002. “Bebi demais e tinha uma moto. Álcool e direção não é legal. Acabei saindo da balada bem tarde, dormi no guidão da moto e sofri o acidente.” Ele ficou com movimentos limitados das pernas e das mãos. “Sempre gostei de surfar, Sempre gostei de fazer qualquer coisa que fosse radical. Surfava e hoje surfo. Não tem limite. O que é limite está na nossa cabeça”, garante Ksei.
E não é só no Guarujá que tem gente superando limites. O stand up, que é cada vez mais praticado no mundo inteiro, ganhou uma versão acessível ao cadeirante em Brasília, no Lago Paranoá. A ideia surgiu em janeiro de 2014. “A gente já tem um trabalho aqui nesse parque de preservação e de trazer o esporte pra comunidade. E o Gabriel apareceu como um anjo”, conta o educador físico Daniel Badke Lino.

Gabriel Duarte de Souza, Relações Públicas, perdeu os movimentos da cintura para baixo em um acidente de carro em 2011. “Voltando de uma festa, dormi no volante, Capotei. Fiquei paraplégico. Minha vida era a noite só, nada de esportes”, conta. Até que Daniel fez o convite, que só foi aceito por Gabriel após alguma insistência.
Diferente do surf no Guarujá, a prancha é exatamente a mesma usada no stand up paddle convencional e a cadeira é a do próprio cadeirante. A adaptação fica só na forma de amarrar uma à outra. “Estudamos um jeito certo, um jeito que fique realmente presa. A gente amarra as rodas separadas para ter a certeza que ela não vá virar e a prancha ficar. Então, se virar a cadeira, vira tudo junto”, explica Daniel.
Ele garante que é seguro. Para isso, antes testa cada cadeira amarrada e, durante o stand up paddle, sempre tem um instrutor por perto.
Fantástico: E se a cadeira virar?
Daniel Badke Lino, educador físico: A gente vai vir para fazer o resgate na hora.
Fantástico: E qual a sensação quando você está no meio do lago, na sua cadeira, em cima da prancha?
Gabriel: Liberdade.
Depois de tanto ver, a repórter Flávia Cintra tentou também. Algumas instruções depois, já estava deslizando no Lago Paranoá.
“Quando a gente entra no lago e sai, a sensação é outra, de paz”, diz Gabriel. É o que sentem Taíu e Ksei quando saem das ondas lá no Guarujá. “Você deixa tudo que é ruim no mar, Você sai limpo, leve”, conta Ksei. “Faz um bem pra minha alma que você não tem noção!”
“Na verdade, o segredo é viver. Correr atrás das coisas, todo mundo faz isso. Depende do momento da pessoa. No meu caso, eu preciso fazer isso. Poxa, se eu posso fazer, mergulhar correr atrás, por que você não pode levantar do sofá e andar na praia?”, questiona Alexei.