terça-feira, 26 de junho de 2018

12 Sintomas do Câncer de Mama


segunda-feira, 18 de junho de 2018

Acaba em novembro prazo para que parte das salas de cinema do País seja acessível aos cegos


De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6,5 milhões de pessoas têm deficiência visual no País

Ana Carolina Sacoman, O Estado de S.Paulo
17 Junho 2018 | 06h00

Misako estuda cada detalhe do filme, passa dias tentando traduzir em palavras o “céu pálido” visto na tela. Ela não deve interferir no entendimento da película, não pode invadir a fala dos personagens nem expressar opiniões pessoais. Tem de estar presente e ausente ao mesmo tempo. Seu desafio é fazer com que cegos ou pessoas com a visão reduzida entendam a trama e, mais, se emocionem.

Ela é a personagem principal de Esplendor (Radiance/Hikari), filme japonês de 2017 que mostra o dia a dia - e os conflitos - de uma profissional que trabalha com audiodescrição. “Fazemos com que um adulto que perdeu a visão perceba que pode voltar a fazer as coisas de antes”, resume Livia Motta, audiodescritora “na vida real” e autora de livro sobre o assunto. “A audiodescrição abre caminhos para a leitura do mundo.”

Gravando!. Estúdio de audiodescrição da empresa Iguale, em SP Foto: Gabriela Biló/EstadãoEsses caminhos, porém, já poderiam estar um tanto mais abertos no Brasil. É que, desde julho de 2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146) estabelece, no Artigo 67, que “serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir o uso de subtitulação de legenda oculta, janela com intérprete de Libras e audiodescrição”, na tentativa de promover a inclusão de cegos e surdos.

Prazos. A Agência Nacional de Cinema (Ancine) então formou grupos de discussão sobre o assunto e, entre outras questões, foram definidos prazos para a implementação da acessibilidade nos cinemas. E aí as coisas se complicaram.

Em setembro de 2016, a Instrução Normativa 128 definia que, em 14 meses, 50% dos grandes exibidores (a partir de 21 salas de cinema no País) e 30% dos pequenos (para grupos de até 20 salas) deveriam ser acessíveis, chegando a 100% das salas dali a 24 meses, ou seja, em setembro de 2018. Pouco mais de um ano depois, nova Instrução Normativa, de novembro de 2017, estendia os prazos, começando com a acessibilidade parcial em novembro próximo. Mas há quem acredite que será difícil cumprir a norma mais uma vez.

“A lei brasileira é única no mundo, pois também exige a acessibilidade via Libras (Língua Brasileira de Sinais), o que criou grande resistência dos exibidores”, diz Paulo Romeu, consultor técnico da Organização Nacional de Cegos do Brasil e autor do Blog da Audiodescrição.

É que, como acontece com a TV há mais tempo, a acessibilidade via Libras, para surdos, exige aquele “quadradinho” com o intérprete em um pedaço da tela, o que poderia causar estranheza no público em geral. “Enquanto o mundo trabalha em uma solução de acessibilidade tanto no hardware quanto no software, o Brasil tem essa outra questão (das Libras) para ser resolvida”, afirma o presidente da Ancine, Christian de Castro.

Ele aponta ainda uma outra dificuldade: os sotaques. “Uma legendagem de Libras no Sul teria diferença de uma no Norte e Nordeste. Como no interior de São Paulo é diferente da capital ou do Rio. Isso é uma particularidade brasileira.”

Pepino. “O Brasil tem uma lei de inclusão ampla, com uma força grande, que fala de acessibilidade de sites e manifestações culturais. Por outro lado, a lei assustou muita gente que não tinha pensado nesse público”, acredita Mauricio Santana, vice-presidente da Associação Brasileira de Audiodescrição (Abrad) e diretor da Iguale, empresa que produz conteúdo acessível e representa no Brasil o aplicativo de acessibilidade MovieReading.

Público que não é pequeno: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6,5 milhões de pessoas têm deficiência visual no País. Outros 9,7 milhões são deficientes auditivos.

Se o pioneirismo dificulta todo o processo, a pirataria também não ajuda a discussão a andar. Enquanto a legenda descritiva e a audiodescrição podem ser feitas pelos próprios estúdios, a linguagem de Libras teria de ser trabalhada por terceiros, o que aumenta o risco de as cópias de filmes chegarem às mãos dos camelôs muito antes de irem para as salas de projeção. “A gente quer ter acessibilidade, que o cinema chegue ao maior número de pessoas possível, sobretudo o filme brasileiro, mas não podemos correr o risco de dilapidar o valor da propriedade intelectual”, diz Castro, da Ancine.

Recente. Realidade nos Estados Unidos desde os anos 70, a audiodescrição é relativamente recente no Brasil. A primeira vez que o recurso apareceu por aqui foi em 2003, no festival de cinema Assim Vivemos, de filmes sobre pessoas com deficiência, patrocinado pelo Banco do Brasil. De lá para cá, algumas iniciativas começaram a promover a inclusão dos cegos às salas de cinema.

Uma delas é o Festival Melhores Filmes, do Cinesesc, em São Paulo, que há sete anos exibe películas com legendas abertas (detalhadas) e audiodescrição feita ao vivo. “O festival é uma missão, mas gostaria que toda a programação fosse acessível”, afirma a gerente adjunta do Cinesesc, Simone Yunes. “Já melhorou muito, mas no começo as distribuidoras não entendiam por que tinham de mandar o DVD do filme antes, foi bem difícil, e ainda é, mas isso começa a mudar.”

A mudança é bem mais lenta do que gostariam os beneficiados. Dos 42 espaços, com várias salas, listados em São Paulo pelo Guia de Acessibilidade Cultural, feito pelo Instituto Mara Gabrilli, apenas cinco oferecem opções de audiodescrição e legendagem, mediante pedido. A maioria das salas limita a acessibilidade de cegos a elevadores com aviso sonoro, guia vidente e cardápio do café em braile.

Procurados, Cinemark, Cinépolis e Grupo Severiano Ribeiro, os três maiores exibidores do País, segundo ranking de 2016 da Ancine, não quiseram comentar.

DEPOIMENTO DE PAULO ROMEU, AUTOR DO BLOG DA AUDIODESCRIÇÃO

“Perdi a visão em 1980, aos 22 anos, em um acidente de carro, e só fui voltar ao cinema há 5 ou 6 anos, quando descobri que o Cinesesc estava fazendo um festival com audiodescrição. Passei 30 anos sem interesse pelo cinema porque não achava justo pagar ingresso inteiro para assistir a meio filme, não valia a pena.

A diferença (entre alguém descrevendo a cena e a audiodescrição) é como água e vinho. O audiodescritor já conhece o filme, sabe quais elementos em cena precisam ser descritos para a pessoa entender a trama. Quando minha mulher ou outra pessoa descreve o filme para mim, ela diz, por exemplo, que um vestido é bonito ou feio. O profissional descreve a roupa em detalhes, faz diferença. Minha mulher também costumava pular cenas, para não perder o fio da meada, ou demorava para descrever, e eu ficava perdido.

Comecei a usar os aplicativos de audiodescrição e as coisas mudaram. Antes, quando emendava o cinema e um jantar com amigos, passava o tempo à mesa tentando entender o filme, juntando as peças que perdi. Hoje, uso esse tempo para, como eles, discutir o filme, dizer o que gostei ou não. Ganhei autonomia.”

3 PERGUNTAS PARA CHRISTIAN DE CASTRO - PRESIDENTE DA ANCINE

1. O prazo será cumprido?

Existem questões técnicas específicas relacionadas a isso, que precisam ser tratadas, tanto pelos exibidores como pelos distribuidores. Não queremos correr o risco de criar uma solução momentânea e logo depois ter de trocar isso porque não foi viável.

2. Qual é a dificuldade?

Tem o hardware, o software, a questão da pirataria e a solução das Libras a serem resolvidas. Essas questões serão debatidas nas câmaras técnicas (reuniões com exibidores, distribuidores e representantes da sociedade civil, que serão feitas até o fim do ano).

3. Como estamos em relação ao resto do mundo?

Hoje os principais players, não só locais como globais, estão olhando para a solução que vai sair do Brasil, porque provavelmente será replicada no mundo inteiro.

Teatros, museus e até casamentos têm audiodescrição

Enquanto nos cinemas a acessibilidade para cegos anda em marcha lenta, teatros, museus, salas de espetáculos e centros culturais em São Paulo parecem dar mais atenção a esse público, que soma 53 mil pessoas na capital - outras 292 mil têm “grande dificuldade para enxergar” -, de acordo com o Censo de 2010 do IBGE.

Na Sala São Paulo, no centro, por exemplo, há sessões de música clássica e ópera com audiodescrição. “Esse público não pode mais ser ignorado. Toda vez que fazemos espetáculo com audiodescrição vem gente nova”, afirma Livia Motta, que faz o trabalho ao vivo na Sala São Paulo, mas também em cinemas, teatros, museus e até em missas e casamentos. “Todos conseguem saber como é o vestido da noiva ou como a igreja está decorada nesses eventos especiais”, conta Livia.

Localizado no Morumbi, na zona sul, o Teatro Vivo aparece entre os bem ranqueados no quesito acessibilidade. O espaço deixou de oferecer serviço de audiodescrição para os expectadores, mas ele deve voltar após a reforma do teatro, prevista para começar nos próximos meses e que deve ser concluída no primeiro trimestre de 2019.

Entre os museus, a Estação Pinacoteca, no centro da capital, tem vários recursos para pessoas com deficiência, incluindo audiodescrição.

APLICATIVOS

* MovieReading. O aplicativo promete, ao toque de um botão, identificar a trilha do filme. Ele então reconhece a película e descarrega a audiodescrição ou a legenda sincronizada. Android e ios.

* Whatscine. Também reconhece o filme e descarrega a audiodescrição, mas funciona em determinadas salas de cinema. Android e iOS.

* Ideal AD Movie Viewer. Tem lista predeterminada de filmes. Em inglês. Android.



EM NÚMEROS

* 82 mil pessoas são cegas no Brasil e outras 6,5 milhões têm deficiência visual, de

acordo com o IBGE

* 3 mil salas de cinema estão espalhadas pelo País

* 7% das cidades brasileiras têm cinema

Fonte: Estadão

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Eleita para ONU, deputada brasileira com deficiência critica cortes de Temer


14.jun.2018 às 17h26

Na sede da ONU, Mara, que é tetraplégica em decorrência de um acidente automobilístico Foto: DivulgaçãoEm seu segundo mandato como deputada federal pelo PSDB-SP e de olho numa vaga ao Senado por São Paulo, Mara Gabrilli, 50, foi eleita nesta semana, em Nova York, para compor o comitê das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

É a primeira brasileira na história a conseguir o cargo que, para a gestão que começa no ano que vem e vai até 2022, foi uma das mais concorridas da ONU, com 35 postulantes. Ela conquistou 85 votos.

Mara falou em primeira mão ao blog após a votação. Fez críticas ao governo Temer por cortes nos orçamentos dos esportes olímpicos e paraolímpicos, falou dos desafios que enfrentará na função e como pretende estimular o país a organizar cobranças e denúncias pelo respeito à diversidade


1 – O que muda nas vidas pessoas comuns ter você como representante na ONU?

Antes de tudo, é importante dizer que essa eleição significa uma grande vitória para o Brasil, que através dos movimentos sociais, lutou muito para que essa Convenção (Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência) fosse aprovada.

Fomos um dos primeiros países a ratificar a convenção e um dos poucos do mundo que a incorporaram à legislação interna do país. Participar de discussões do âmbito das Nações Unidas nos permite ter acesso a informações e a uma nova agenda que impacta na própria agenda de políticas públicas do Brasil.

Hoje, por exemplo, um dia após minha eleição (no dia12/06), me reuni com a Daniela Bas, Diretora de Desenvolvimento Econômico e Social da ONU, com quem falei sobre a importância do esporte para a construção da paz e do desenvolvimento, um lema fortemente defendido pela ONU.

Coincidentemente, hoje também, tive a notícia de uma Medida Provisória do governo que retira verba do esporte olímpico e paraolímpico, destinando para a segurança. É uma medida que vai à contramão de tudo que está sendo discutido em todo o mundo.

O esporte é uma forma de prevenção à violência e, talvez, se investíssemos mais no esporte, não estaríamos com índices tão altos de violência no país. Estar incluída nessa agenda internacional vai nos permitir trazer novas ideias ao país, não só para pessoas com deficiência, mas para todos os públicos.

2 – A sua eleição foi bem disputada. O mundo está mais de olho nas questões que envolvem diversidade, pessoas com deficiência?

Foi a eleição mais difícil da história do sistema das Nações Unidas, por conta do número de países que apresentaram candidaturas. Em determinado momento, esse número chegou a 35 e isso nunca havia acontecido.

Depois, aos poucos, alguns países retiraram as candidaturas, permanecendo 22 na disputa. Acho que esse número de candidaturas apresentadas para um comitê temático na pessoa com deficiência mostra que o mundo está de olho nesse tema, de olho nas questões relacionadas à acessibilidade.

Vivemos um momento de foco não apenas na diversidade, mas especialmente de foco na causa, e isso acontece no mundo inteiro, que começa a perceber que a política pública para a pessoa com deficiência é uma política pública para todos. Quando uma cidade fica melhor para quem tem deficiência, ela fica melhor para toda e qualquer pessoa.

3 – Sua eleição foi feito inédito pelo país, tem alguma plataforma específica que pretende defender?

Fui eleita apresentando oito propostas de trabalho, das quais destaco uma que é fruto das demandas que recebo diariamente em meu gabinete, como deputada: trabalhar pela celebração de acordos bilaterais e multilaterais para a desoneração tributária de tecnologias assistivas.

No Brasil, por exemplo, o custo de uma tecnologia assistiva ainda é muito alto, e muito por conta da alta taxa de impostos. Outra proposta é desenvolver estratégias que oportunizem, estimulem e fortaleçam o monitoramento independente da convenção pela sociedade civil.

Quero trabalhar também pela reabilitação, que é precária ou inexistente em muitos países do mundo. São demandas que nos chegam através da própria sociedade civil.

O mandato de Mara Gabrilli começa no ano que vem e vai até 2022 Foto: Divulgação4 – De que maneira você espera ver refletida sua posição, agora mundial, dentro dos atrasos inclusivos do Brasil?

Sou representante da sociedade no parlamento brasileiro, sou tetraplégica – uma deficiência considerada severa – e antes de entrar para a política, já era militante da área.

De certa forma, minha presença no comitê vai expor o Brasil. Como brasileira e membro do comitê, não poderei monitorar o Brasil, mas algum outro membro o fará, e o fará com olhos clínicos, por termos um representante no Comitê.

Minha presença ali faz com que o próprio país tenha que se preparar melhor, se mobilizar para não passar vergonha. Minha responsabilidade aumenta, assim como minha formas de atuação para lutar pelos direitos das pessoas com deficiência.

E como membro de um comitê expert e independente na temática, a partir do ano que vem, quando começará meu mandato, terei o dever de informar e orientar a sociedade civil nacional sobre os papéis do comitê, os caminhos para se fazer denúncias coletivas e individuais e os mecanismos de promoção, implementação e monitoramento da convenção.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Mara Gabrilli Representa Brasileiros com Deficiência na ONU




Obtendo os votos de 103 dos 175 países
que votaram na segunda rodada do processo
de escolha, a Deputada Federal Mara Gabrillli
passa a integrar o  Comitê da ONU sobre os Direitos
das Pessoas Com Deficiência.
Seu período como integrante
do Comitê irá de 2019 a 2022.

Mara é a primeira representante
do Brasil no Comitê.

Fonte: Facebook - Mara Gabrilli