Neste artigo, vamos aprofundar esse caminho sob a perspectiva de quem vive o mundo com o auxílio de uma bengala, de um cão-guia ou simplesmente com os sentidos atentos. Viajar de avião com deficiência visual é, sim, possível — e pode ser muito mais simples e seguro do que muitos imaginam.
📍 Antes de tudo: planejar é libertar
A acessibilidade começa bem antes de chegar ao aeroporto. Ao comprar a passagem, informe à companhia aérea que você é uma pessoa com deficiência visual e descreva suas necessidades. Essa simples atitude garante que a equipe esteja preparada para oferecer assistência personalizada.
Algumas ações importantes antes do voo:
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Solicite apoio especializado no embarque e desembarque no momento da compra do bilhete.
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Peça informações sobre assentos preferenciais e explique suas necessidades específicas.
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Caso utilize cão-guia, avise com antecedência — a companhia aérea não pode cobrar taxa extra e deve providenciar espaço adequado na cabine.
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Confirme se a companhia disponibiliza informações em braile ou por áudio durante o voo ou no terminal.
Essas etapas iniciais facilitam toda a jornada e evitam contratempos no dia da viagem.
🛫 Embarque: o direito de ir e vir com tranquilidade
Ao chegar ao aeroporto, dirija-se ao balcão de check-in e identifique-se como pessoa com deficiência visual. Por lei, você tem direito a:
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Atendimento prioritário em todas as etapas (check-in, inspeção de segurança e embarque).
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Acompanhamento gratuito por um funcionário desde a entrada no aeroporto até o assento no avião.
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Acesso facilitado a informações sobre portões e horários em formatos acessíveis.
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Orientação sobre a localização dos banheiros, áreas de alimentação e portões de embarque.
No embarque, a tripulação deve oferecer apoio na identificação do assento e explicar a localização dos cintos, botões de chamada, máscaras de oxigênio e rotas de saída. Pequenos detalhes fazem toda a diferença na construção da autonomia e na sensação de segurança durante o voo.
✈️ Durante o voo: autonomia com conforto
Uma vez a bordo, você pode — e deve — contar com a tripulação. Sempre que precisar de ajuda, acione o botão de chamada. Caso viaje com cão-guia, ele deve permanecer aos seus pés durante o voo, e a companhia aérea é responsável por acomodá-lo com segurança.
Além disso, é importante saber que:
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Informações sobre turbulência, horários de pouso ou alterações de rota devem ser comunicadas verbalmente.
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Você pode solicitar assistência no uso do banheiro se necessário.
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Em voos internacionais, cardápios em braile ou áudio estão cada vez mais comuns — vale perguntar com antecedência.
🧭 Ao chegar ao destino: a autonomia continua
A assistência não termina no pouso. Você tem direito a ser acompanhado até a área de desembarque, à restituição de bagagens e, se desejar, até a saída do aeroporto ou ao transporte contratado.
Se algo não estiver de acordo com o previsto — como ausência de apoio, falhas na comunicação ou barreiras no acesso — registre a ocorrência junto à companhia aérea e à ANAC. Isso não apenas garante que seus direitos sejam respeitados, como também ajuda a melhorar o atendimento de futuros viajantes.
🌍 Viajar é um direito de todos
A deficiência visual não é um obstáculo para quem deseja cruzar fronteiras. Com informação, planejamento e garantia dos seus direitos, o céu está aberto para você. Cada viagem é uma oportunidade de mostrar que a autonomia não depende da visão, e sim do respeito e da inclusão.
✈️ No próximo artigo…
Vamos continuar nossa jornada com mais um passo importante. Se hoje falamos sobre como tornar a experiência acessível para pessoas com deficiência visual, no próximo capítulo da série “Voando com Acessibilidade” vamos abordar os cuidados, direitos e adaptações essenciais para pessoas com mobilidade reduzida — do transporte de cadeiras de rodas ao embarque com segurança. ♿💙
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