A metodologia da pesquisa foi baseada na seguinte pergunta: “você tem dificuldade de…?”. A partir deste questionamento foi feita a captação da possível deficiência dos entrevistados e o respectivo grau de severidade. Não entraram na conta, por exemplo, quem usa óculos para ler um livro ou dirigir, já que está apto a fazer tais atividades.
“Um outro exemplo são os cadeirantes. Eles entram na deficiência motora, mas se a pessoa tiver uma casa totalmente adaptada, que ela não tenha dificuldade para se locomover, e um carro também adaptado que a leve para qualquer lugar, então não será contada como deficiente”, explica Andréa Borges, coordenadora do levantamento do IBGE.
Não entrará nas estatísticas em função da questão ser autodeclarante, como os próprios pesquisadores definem. Ou seja, se o investigado, justamente pelas facilidades tecnológicas, não se considerar um deficiente, já que ele consegue fazer tudo que uma pessoa que anda normalmente consegue, não será somado no número final de incapacitados.
A deficiência visual foi a mais citada: 18,8% dos brasileiros têm dificuldade para enxergar ou são cegos em absoluto. Os deficientes auditivos correspondem a 5%, enquanto os motores são 7% e mentais, 1,4%. Na separação por sexos, 21% dos homens têm algumas das dificuldades citadas, enquanto as mulheres registram índice maior: 27%. “Como a mortalidade dos homens é mais alta, então você encontra mais mulheres em idade avançada com algum tipo de deficiência”, afirma Andréa Borges.
Ainda de acordo com a pesquisa, a primeira curva do gráfico das deficiências se faz clara aos 10 anos de idade, no período em que a percepção das dificuldades, sejam motoras, auditivas, mentais ou visuais, se tornam mais claras com o avanço na vida escolar. Do 0 aos 14 anos, 7,5% dos brasileiros apresentaram algum tipo de deficiência. Dos 15 aos 64 anos, 25% responderam que tinham pelo menos uma das dificuldades cotidianas citadas. Já entre os que têm idade avançada, a partir dos 65 anos, este número mais que dobra: 68%.
Estados e raças
Dos que se declararam de alguma forma incapacitados, a grande maioria vive nas áreas urbanas do País: 38 milhões de pessoas. Nas zonas rurais são sete milhões. Segundo as regiões, a maior presença de deficientes está no Nordeste. No Rio Grande do Norte, por exemplo, constatou-se que, em 12% dos municípios, 35% dos investigados têm pelo menos uma das limitações colocadas na pesquisa. O Distrito Federal, por outro lado, tem 23%
Em relação à cor ou raça, a maior taxa dos entrevistados com algum tipo de deficiência está entre os que se definiram como pretos e amarelos, ambos com 27%. A população branca têm 23,5%, enquanto os indígenas apresentaram um número menor: 20%. “Os índios foram os que menos reclamaram de deficiência visual, por exemplo, o que evidencia que o contexto em que eles vivem pode não exigir muito deles nesse sentido”, complementa a coordenadora do IBGE.
Mercado de trabalho
Na questão da força de trabalho e das condições para exercê-lo, observou-se que a deficiência intelectual é ainda a maior barreira para os que pretendem ingressar no mercado, tanto para a população masculina, quanto para a feminina, seguida pela deficiência motora.
A taxa de ocupação dos investigados, no entanto, varia pouco entre os que responderam ter ou não alguma incapacidade. Entre os que têm 10 anos ou mais de idade, 46% dos que se declararam com algum tipo de deficiência estão ocupados. O número entre os que não se consideram deficientes não é muito maior: 53%.
Fonte: Turismo Adaptado
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