segunda-feira, 18 de maio de 2009

Alunos com deficiência se destacam na pintura

HONÓRIO BARBOSA
Repórter

Em Iguatu (CE), será realizada uma exposição para mostrar o trabalho de alunos com deficiência auditiva e visual

Iguatu (CE) - Alunos com deficiência auditiva e visual assistidos pelo projeto de inclusão “Educação com Qualidade” realizado na escola de Ensino Fundamental Carlos de Gouvêa, nesta cidade, dão mais um exemplo de superação. Com paciência, desejo de aprendizagem e muita habilidade, um grupo de 50 estudantes participa de oficinas de pintura, obtendo resultados satisfatórios e deixando a professora de artes plásticas e a comunidade local surpreendidos com a qualidade das telas.

O projeto “Arte Vida”, que está em andamento desde o segundo semestre do ano passado, tem o objetivo de ensinar a alunos surdos e cegos a arte da pintura de telas em aquarela. É uma ação inovadora de um programa de assistência ampla de educação especial e inclusiva realizado pela Associação dos Surdos de Iguatu (ASI), com o apoio da secretaria de Educação do Município, do governo do Estado, de instituições privadas, como W.K. Kellogg Foundation, Instituto HSBC Solidariedade, Instituto Elo Amigo e grupo Zenir.

As ações foram intensificadas em fevereiro passado. As aulas acontecem em um ateliê de artes plásticas instalado em uma das salas da escola Carlos de Gouvêa, unidade básica de educação especial e inclusiva. A artística plástica e professora Sabrina Bastos mostra-se entusiasmada com o nível de aprendizagem dos alunos. “Evoluíram muito rápido e conseguiram fazer pinturas de qualidade”, disse. “Fiquei surpresa com o resultado obtido”.

O entusiasmo motivou a realização da I Exposição de Artes Plásticas de alunos surdos e cegos, que tem como temática “A segunda vista, um olhar desnudo do preconceito”, que será realizada no salão de artes do Centro de Atividades do Serviço Social do Comércio (Sesc) no período de 8 a 31 deste mês. “Não podíamos ficar com esses quadros guardados aqui”, frisou Sabrina Bastos. “Precisamos partilhar essa experiência com a comunidade”.

Caminho certo

A artista plástica Sabrina Bastos ensina alunos com deficiência mental na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Iguatu e a alunos da educação regular do ensino fundamental do colégio Pólos. Ao trabalhar com estudantes com deficiência, avalia que está no caminho certo. “Eles precisam de apoio e incentivo para melhorar a auto-estima e saber como superar as dificuldades. Tenho paixão por esse trabalho e me identifiquei com esse projeto”, disse a professora.

O projeto experimental tem dado certo e nas oficinas de artes plásticas os alunos pintam aguarelas, confeccionam luminárias decoradas, fazem texturização em madeira e plástico. Para a primeira quinzena de maio, o grupo dedica-se à pintura de sabonetes, que serão presenteados às mães. A turma está motivada e quase ninguém falta às aulas que acontecem somente uma vez por semana.

Destaques

Há cinco destaques: Ananda, Pedro, Aparecida, Hildemberto e Márcio. São os quadros pintados por eles que irão participar da mostra no Sesc. Dois deles são deficientes visuais, e mesmo assim mostram que não há deficiência que impeça a superação dos obstáculos. “O projeto está dando certo e em curto espaço de tempo já obteve resultados satisfatórios”, observa a coordenadora do núcleo de Educação Especial da secretaria de Educação de Iguatu, Ana Neudsa Queiroz Moreno. “Em Iguatu, a educação especial e inclusiva vem avançando bastante”, salienta.

Os alunos que são deficientes visuais fazem as pinturas das telas com ajuda de moldes vazados, delimitação de áreas a ser trabalhada no quadro e utilizam o tato para conhecerem e compararem objetos que serão pintados. “Eles têm a liberdade de expressão e não gostam de ficarem dependentes do professor”, observa Sabrina Bastos. “Identificam os potes de cores por ordem de arrumação e têm livre uso, segundo a criação, imaginação e talento de cada um deles”, completa.

Já os alunos deficientes auditivos contam com o apoio de um intérprete de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) para receberem as instruções da professora. A idéia final do projeto é que os deficientes consigam obter alguma renda com os trabalhos de artes plásticas, comercializando os quadros e mantenham o gosto pelas artes e pintura.



Mais informações:
Escola Carlos de Gouvêa
Rua Dr. João Pessoa, 887, Centro
(88) 3581. 9452
Associação de Surdos de Iguatu

RESULTADO

50 estudantes participam de oficinas de pintura na Escola de Ensino Fundamental Carlos de Gouvêa, obtendo resultados satisfatórios e surpreendentes com a qualidade das telas.

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