quarta-feira, 20 de maio de 2009

Documentário de brasileiro relata o dia a dia de deficientes visuais

Por: Angela Schreiber



“Além da Luz”, de Ivy Goulart, mostra como é possível ser cego e fazer parte da sociedade.

Estreou oficialmente no Centro Cultural Brasileiro (BEA, em inglês), em Nova Iorque, no dia 14 de maio, o documentário “Além da Luz” (Beyond the Light), do brasileiro Ivy Goulart. O filme mostra o dia a dia de pessoas cegas e serve para educar e informar a sociedade.

Depois que teve a vida filmada, o deficiente visual Francisco de Assis pediu a Ivy que fizesse um filme sobre pessoas cegas, mostrando o dia a dia delas. O cineasta então gostou da idéia e foi para a pequena Cocal do Sul, em Santa Catarina, onde retratou a vida de quatro cegos membros da Associação dos Deficientes Visuais de Cocal do Sul (Advicosul).

O documentário surpreende pela forma natural e otimista como os cegos encaram a vida, dando uma verdadeira lição em todos que tem a visão ao seu alcance.

Para dar mais crediblidade à história, Ivy foi até a cidade de Coupvray, na França, onde nasceu, há 200 anos, Louis Braille, o pai do sistema de leitura para cegos, o qual foi batizado com o nome dele. A oportunidade só veio a enriquecer a filmagem, pois Braille abriu as portas do conhecimento para todas as pessoas que não enxergam.

Com o próprio filme, Ivy pôde constatar que os cegos tem uma vida perfeitamente normal e são totalmente integrados à sociedade. “Um é professor de braille e fez faculdade, outro ensina informática para cegos, e outro cego é ativista político”, disse Ivy, falando um pouco sobre cada personagem.

Depois da premiere no BEA, o cineasta pretende disponibilizar o filme em DVD para todos, deficientes visuais ou não. Por isso, vai providenciar a dublagem para inglês, para que americanos cegos também possam acompanhar a história. Mas o que Ivy quer mesmo é que o mundo inteiro tenha oportunidade de ter contato com o filme.

Derrubando barreiras
Não é a primeira vez que Ivy Goulart aborda um tema de tamanha responsabilidade social. De 1999 a 2000, promoveu uma Oficina de Teatro destinada para a população carente. No ano de 2004, foi agraciado com o Prêmio Estímulo à Produção-Melhor Roteiro pela obra “Urussanga”, nome da cidade natal, em Santa Catarina.

Ivy definiu o próprio filme como uma injeção de otimismo. O cartaz de divulgação mostra uma bengala. “Ela é o olho do cego”.

Sobre a importância da exibição como forma de reflexão sobre os preconceitos, Ivy disse que “o preconceito é um conceito sobre aquilo que não se conhece. É da ignorância humana, não da maldade humana”. As palavras do cineasta caem como uma luva para a época atual, quando grupos como imigrantes e homossexuais são vítimas de discriminação. “Quem tem preconceito contra imigrante e homossexual não sabe quem eles são”.

O Brasil também terá a honra de saber do que Além da Luz se trata. Na quarta-feira (13), Ivy fechou um acordo com o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, para exibir o filme, que poderá eventualmente ser narrado aos cegos através de uma técnica especial.
Informações adicionais sobre Além da Luz podem ser adquiridas no website oficial do cineasta.

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