Pessoas com deficiências têm limites. Como eu. Como todos nós. Só que esses limites não nascem da deficiência. Limite é algo que a gente monta junto com o mundo que nos cerca. Em outras palavras: “A deficiência é um limite que se constrói na interação com as barreiras do meio”, como afirma o psicólogo Flávio Gonzalez, supervisor do serviço de qualificação e inclusão profissional da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de São Paulo. Quanto mais acolhedor for o meio, menores serão os limites das pessoas com deficiência.
Ensinar a lidar com a deficiência, olhando mais para as suas possibilidades e menos para os seus limites, é uma das lições do curso de Formação de Capacitadores de Estagiários com Deficiência Intelectual, que a Câmara ministrou para supervisores com estagiários especiais em suas equipes. O curso, de 40 horas, é uma parceria de SGA.14 (Equipe de Seleção, Desenvolvimento e Avaliação Pessoal) e da Apae de São Paulo.
O objetivo do curso é aprimorar a qualidade do estágio oferecido na CMSP para as pessoas com deficiência. Hoje, a casa tem seis estagiários com deficiência intelectual (dificuldade de aprendizado). Eles estão distribuídos por SGA.1 (Secretaria de Recursos Humanos), SGA.7 (Equipe de Expedição e Distribuição de Correspondência), SGA.8 (Secretaria de Assistência à Saúde), SGA.32 (Gráfica), SGA.34 (Recepção) e SGP.33 (Equipe de Arquivo Geral). Segundo Yara Helena Falconi, supervisora de SGA.14, os estagiários especiais foram aproveitados, com base na orientação da Apae, nas unidades onde suas habilidades pudessem melhor aproveitadas.
“Não basta empregar para incluir”, explica Flávio Gonzalez, um dos professores do curso. No caso dos estagiários com deficiência intelectual, é preciso reconhecer as suas dificuldades de aprendizado, mas não focar nelas, e sim no que os estagiários podem fazer. “Durante anos, as pessoas com deficiência não conseguiram espaço no mercado de trabalho por falta de oportunidade, e não de capacidade.” Hoje, segundo Gonzalez, as pessoas com deficiência ocupam 1% das vagas do mercado de trabalho, embora sejam 24% da população. “A inclusão ainda tem muito para avançar.”
Na inclusão dos estagiários especiais, segundo Gonzalez, é preciso evitar tanto a rejeição como o oposto: a superproteção. “Os dois extremos são negativos. Não se deve infantilizar a pessoa com deficiência, nem protegê-lo. Devemos tratá-lo de acordo com sua faixa etária, e como um profissional que exerce aquela função. Só isso já o inclui”, diz.
Fonte: CMSP (Intranet)
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