20 DE JANEIRO DE 2020 - 15:18
"Eu quero ser professora com foco na educação física adaptada”. Esse é o sonho da aluna do primeiro semestre de licenciatura em Educação Física da UECE, Elani da Silva Pereira, 23 anos. Poderia ser o sonho de qualquer um dos alunos ingressantes, mas para a aluna recém ingressa na Universidade Estadual do Ceará existe uma carga de dificuldade a mais. Elani possui deficiência visual em decorrência da síndrome de Marfan, que a levou a perda da visão dos dois olhos aos 15 anos de idade.
A adaptação a nova condição de vida não foi fácil. Após três cirurgias sem sucesso, Elani teve descolamento de retina em ambos os olhos e viu toda sua vida mudar, pois até então tinha uma visão normal, como qualquer outra criança/adolescente. “Pra mim esse processo foi bem difícil, pois eu tinha a visão normal, estudava, escrevia etc. e depois eu tive que passar por um processo de adaptação. Eu sempre gostei muito de ler livros e, de repente, tive que procurar outros meios para continuar seguindo a vida”.
Foi no Instituto dos Cegos que seu processo de reabilitação começou. Lá aprendeu braile (sistema de escrita tátil), conheceu pessoas que estavam passando por situações parecidas com a sua, inclusive outros adolescentes, o que a deu motivação para seguir a diante. “Eu via que eles tinham uma vida normal, estudavam, trabalhavam e eu vi que não era o fim.”
Depois da conclusão da reabilitação no Instituto, Elani foi matriculada na escola estadual Adauto Bezerra, escola adaptada para receber alunos com deficiência, não só com infraestrutura específica, mas também acompanhamento pedagógico especializado e professores capacitados para acolher os alunos. Foi lá que ela se preparou para ingressar na UECE, sendo aprovada para licenciatura em Educação Física no vestibular 2019.2.
Ela fala com bastante alegria e entusiasmo como está sendo o início do período letivo. “Eu demorei a acreditar que eu estava aqui e que tinha sido aprovada e iria começar o curso que eu sempre quis que era o de Educação Física. Eu não imaginava que a UECE fosse dedicar tempo à minha chegada. Os professores tiveram uma formação sobre descrição para pessoas cegas, a Semana de Integração foi uma surpresa pra todo mundo que serviu tanto para me aproximar dos colegas, como aproximar os demais colegas, pois na primeira semana já estavam todos integrados, parecia que se conheciam há bastante tempo e os professores foram bastante receptivos, me dando bastante apoio e suporte”.
As ações desenvolvidas pela UECE foram planejadas pela Comissão Permanente de Acessibilidade e Mobilidade (CPAcesso), vinculada à Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan). A Comissão realiza formação contínua e continuada em Libras e Audiodescrição para corpo docente, servidores e bolsistas da CPAcesso e, em breve, oferecerá também formação voltada para deficiência intelectual e mobilidade. A I Oficina de Formação em Audiodescrição (AD) para Professores do curso de Educação Física ocorreu entre os dias 4 e 6 de dezembro de 2019 e teve como objetivo refletir sobre a necessidade da prática docente no ensino superior na perspectiva da educação inclusiva e proporcionar aporte teórico-metodológico em audiodescrição aos docentes do curso de Educação Física.
Para a professora Georgia Tath Lima de Oliveira a importância desse tipo de ação está para além do cumprimento da legislação existente “ Defendemos que os direitos das pessoas com deficiência (PCDs) é uma questão de cidadania, sendo dever dessa instituição de Ensino Superior criar condições para o acesso e a permanência com qualidade de seus alunos. Desde a aprovação da Lei Estadual Nº 16.197/2017, que inclui o sistema de cotas nas instituições de Ensino Superior no Estado do Ceará, a UECE vem recebendo um número cada vez maior de alunos com deficiência, mas a instituição já abraçou essa causa desde o ano de 2009, data da criação da Comissão Permanente de Acessibilidade e Mobilidade – CPAcesso” complementa.
Fonte: UECE
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