sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Quando a dor não vai embora: O Poder dos Grupos de Apoio Multidisciplinares

Viver com dor crônica é cansativo. Não é “frescura”, não é “drama”, e muito menos “falta de fé”. É uma condição de saúde que exige cuidado sério, contínuo e, principalmente, em equipe.

Por isso, os grupos de apoio a pessoas com dor crônica são tão importantes: ali, o paciente encontra informação, acolhimento e profissionais preparados para olhar a pessoa como um todo – corpo, mente e vida social.

A seguir, mostramos alguns profissionais de saúde que podem compor esses grupos e o papel de cada um.


1. Médico(a) especialista em dor ou área relacionada

Pode ser anestesiologista com formação em dor, reumatologista, neurologista, ortopedista, clínico geral com experiência em dor crônica ou outro profissional médico que atue na área.

Papel no grupo:

  • Fazer ou revisar diagnósticos.

  • Explicar a doença de forma acessível, sem termos complicados.

  • Orientar sobre tratamentos medicamentosos e não medicamentosos.

  • Ajustar medicações quando necessário.

  • Esclarecer dúvidas sobre exames, laudos e encaminhamentos.

Mais do que receitar remédios, o médico tem um papel educativo importante: ajudar o paciente a compreender sua condição, para que ele seja protagonista do próprio tratamento.


2. Enfermeiro(a)

A enfermagem é muitas vezes o primeiro ouvido atento do paciente. No contexto de um grupo de apoio, esse profissional pode fazer muita diferença no dia a dia.

Papel no grupo:

  • Acolher, ouvir e orientar sobre sinais de alerta e cuidados diários.

  • Explicar o uso correto de medicações (horários, doses, possíveis efeitos).

  • Orientar sobre curativos, cuidados com pele, postura, mobilidade e uso de dispositivos (bengalas, cadeiras de rodas, órteses etc.).

  • Identificar situações em que o paciente precisa de avaliação mais urgente.

O olhar da enfermagem costuma ser muito prático: como a pessoa está se virando em casa, no trabalho, no banho, na locomoção, no sono…


3. Fisioterapeuta

A dor crônica geralmente altera a forma de se movimentar, a força muscular, o equilíbrio e a postura. O fisioterapeuta ajuda a recuperar, na medida do possível, a funcionalidade do corpo.

Papel no grupo:

  • Avaliar movimentação, postura e limitações físicas.

  • Propor exercícios adequados para cada caso, respeitando o limite da dor.

  • Ensinar alongamentos e estratégias de proteção articular e de coluna.

  • Orientar ergonomia em casa, no trabalho ou na escola.

  • Trabalhar a confiança do paciente no próprio corpo, reduzindo o medo de se movimentar.

É fundamental que os exercícios sejam adaptados: em dor crônica, “força!” não pode significar sofrimento e piora – e sim progresso com cuidado.


4. Psicólogo(a)

A dor física constante desgasta a saúde emocional. Depressão, ansiedade, irritabilidade e sensação de impotência são comuns. O psicólogo ajuda a organizar tudo isso.

Papel no grupo:

  • Oferecer espaço seguro para o desabafo e a expressão dos sentimentos.

  • Ajudar na construção de estratégias para lidar com a dor no dia a dia.

  • Trabalhar autoestima, autoconfiança e a sensação de pertencimento.

  • Ajudar na comunicação com familiares, colegas de trabalho e equipe de saúde.

  • Atuar na prevenção de pensamentos de desesperança e de autoagressão.

Quando a dor é crônica, cuidar da mente não é luxo: é parte do tratamento.


5. Terapeuta ocupacional

A terapia ocupacional olha para as atividades da vida diária: vestir-se, cozinhar, trabalhar, estudar, brincar, cuidar da casa… e adapta essas tarefas à realidade de cada pessoa.

Papel no grupo:

  • Avaliar como a dor interfere nas atividades do cotidiano.

  • Sugerir adaptações (utensílios, apoios, mudanças na rotina) para facilitar a vida.

  • Ensinar técnicas de economia de energia: como fazer mais, cansando menos.

  • Orientar organização de tempo e pausas para evitar crises de dor.

  • Trabalhar autonomia, especialmente em pessoas com deficiência associada.

O foco é simples e poderoso: como viver com mais independência e qualidade de vida, mesmo com a dor presente.


6. Nutricionista

A alimentação pode influenciar diretamente a inflamação, o peso corporal, o sono e até o humor. Em muitos casos, pequenos ajustes já trazem alívio.

Papel no grupo:

  • Avaliar hábitos alimentares e orientar mudanças possíveis e realistas.

  • Explicar a relação entre alguns alimentos, inflamação e dor.

  • Ajudar na adequação do peso, quando isso for fator que piora a dor.

  • Propor cardápios acessíveis, respeitando cultura, rotina e orçamento do paciente.

Nada de dietas rígidas e inalcançáveis: a ideia é apoiar mudanças sustentáveis, que caibam na vida real.


7. Assistente social

A dor crônica pode afastar a pessoa do trabalho, da escola, da vida social, além de trazer gastos extras com exames, medicamentos e transporte.

Papel no grupo:

  • Orientar sobre direitos sociais: benefícios, afastamento do trabalho, acessibilidade, transporte etc.

  • Ajudar a pessoa a entender a documentação necessária para laudos, perícias e requerimentos.

  • Apoiar a família na organização da rotina de cuidados.

  • Facilitar o acesso a serviços públicos e redes de apoio.

Para muitas pessoas, ter alguém que ajude a navegar a burocracia é um grande alívio.


8. Farmacêutico(a)

Quando há uso de múltiplos medicamentos, o farmacêutico pode ser um grande aliado na segurança do tratamento.

Papel no grupo:

  • Explicar efeitos, interações e cuidados com cada medicação.

  • Orientar sobre horários, formas de uso e armazenamento.

  • Esclarecer dúvidas sobre genéricos, similares e substituições.

  • Ajudar a identificar sinais de possíveis reações adversas.

Informação clara sobre remédios evita riscos e dá mais tranquilidade ao paciente.


9. Outros profissionais que podem somar

Dependendo da realidade do serviço, da população atendida e dos recursos disponíveis, o grupo de apoio pode incluir ainda:

  • Educador físico: para orientar atividades físicas seguras, adaptadas e prazerosas.

  • Fonoaudiólogo: em casos em que a dor afeta face, cabeça, pescoço ou mastigação, por exemplo.

  • Profissional de espiritualidade/acolhimento religioso (quando o serviço permitir): para quem deseja integrar fé e cuidado em um espaço respeitoso e inclusivo.

  • Voluntários capacitados e pacientes experientes: que podem atuar como “padrinhos” ou “mentores” para quem está começando o caminho.


10. E o paciente, fica onde nessa história?

Em primeiro lugar.

Nenhum grupo de apoio funciona se as pessoas com dor crônica forem tratadas apenas como “casos” ou “números”. Elas são protagonistas do processo: trazem experiências, dúvidas, medos, estratégias que funcionaram e outras que não deram certo.

Um bom grupo de apoio:

  • Ouve de verdade quem sente dor.

  • Respeita o tempo de cada um.

  • Não julga.

  • Valoriza pequenas conquistas: uma noite de sono um pouco melhor, um passeio que voltou a ser possível, uma crise de dor que veio com menos intensidade.


Conclusão: dor crônica não se enfrenta sozinho

Grupos de apoio para pessoas com dor crônica são espaços de cuidado integral. Quando bem estruturados, reúnem diferentes profissionais de saúde para oferecer informação, tratamento e acolhimento – sempre com a pessoa no centro.

Mais do que discutir remédios, esses encontros permitem que cada participante descubra novas formas de viver, adaptar a rotina, pedir ajuda, se posicionar e resgatar projetos de vida que a dor parecia ter apagado.

Porque, mesmo quando a dor persiste, a vida continua merecendo ser vivida com dignidade, respeito e inclusão.


Texto e imagem produzidos com inteligência artificial.
Autor responsável: José Eduardo Thomé de Saboya Oliveira.

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