segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Dezembro Vermelho: informação, cuidado e respeito às pessoas que vivem com HIV


Dezembro chegou e, junto com as luzes de fim de ano, também vem um lembrete importante: o Dezembro Vermelho, mês de mobilização nacional na luta contra o HIV, a Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

No Brasil, essa campanha foi criada por lei e tem como objetivo reforçar a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas que vivem com o HIV. É um convite à informação, ao cuidado e ao respeito.

No Cantinho dos Amigos Especiais, olhamos para esse tema com carinho especial, pensando principalmente em quem já enfrenta outros desafios de saúde, deficiência ou acessibilidade, e que muitas vezes não se sente incluído nas campanhas tradicionais.


HIV e Aids: não são a mesma coisa

Ainda hoje, muita gente confunde HIV com Aids, e essa confusão alimenta o medo e o preconceito.

  • HIV é o vírus da imunodeficiência humana.

  • Aids é a síndrome que pode se desenvolver quando o sistema imunológico fica enfraquecido pelo HIV, favorecendo o surgimento de infecções oportunistas e outras complicações.

A pessoa pode viver com HIV por muitos anos sem desenvolver Aids, especialmente quando faz acompanhamento regular e segue corretamente o tratamento com medicamentos antirretrovirais.

Graças aos avanços da medicina, quem vive com HIV pode ter qualidade de vida, trabalhar, estudar, formar família e envelhecer, desde que tenha acesso ao tratamento e seja respeitado em seus direitos.


Por que ainda precisamos falar disso?

Talvez alguém pense: “Mas isso não é coisa do passado?”. Infelizmente, não.

O Brasil ainda registra novos casos de HIV e Aids todos os anos, e, embora a mortalidade tenha diminuído com o tratamento, o número de infecções continua sendo motivo de preocupação.

No cenário mundial, organismos internacionais mostram que as novas infecções e as mortes relacionadas à Aids diminuíram nas últimas décadas, mas a meta de acabar com a Aids como problema de saúde pública ainda não foi alcançada. Em outras palavras: já melhoramos, mas ainda não é hora de relaxar.

E por trás de cada número existe uma pessoa com história, sentimentos, família, projetos e sonhos. Muitas delas também convivem com deficiência física, visual, intelectual, autismo ou outras condições, o que pode dificultar o acesso à informação, à testagem e ao tratamento.


Prevenção combinada: várias formas de se cuidar

O Dezembro Vermelho não é uma campanha só de alerta, mas também de esperança e orientação prática. Hoje se fala em prevenção combinada, que reúne várias estratégias:

  • Camisinha (preservativo interno e externo): continua sendo uma das formas mais eficazes de prevenção do HIV e de outras ISTs.

  • Testagem regular: os exames são oferecidos gratuitamente no SUS, incluindo testes rápidos em muitos serviços. O diagnóstico precoce ajuda a iniciar o tratamento na hora certa e a viver melhor.

  • PrEP (profilaxia pré-exposição): medicamento tomado por pessoas HIV negativas em situação de maior risco, que ajuda a evitar a infecção.

  • PEP (profilaxia pós-exposição): tratamento de emergência após uma situação de risco (relação sexual desprotegida, violência sexual ou acidente com material biológico), que precisa ser iniciado em até 72 horas.

  • Tratamento de quem vive com HIV: quando a pessoa faz o tratamento corretamente e atinge carga viral indetectável, a transmissão por via sexual deixa de acontecer (o princípio conhecido como “Indetectável = Intransmissível”).

Para pessoas com deficiência, tudo isso precisa ser acessível:

  • materiais em linguagem simples,

  • letras ampliadas para quem tem baixa visão,

  • recursos em Libras para a comunidade surda,

  • ambientes físicos acessíveis,

  • profissionais preparados para atender com calma, empatia e respeito.


Direitos de quem vive com HIV

O Dezembro Vermelho também fala de direitos humanos e cidadania.

Quem vive com HIV tem direito a:

  • Tratamento gratuito pelo SUS, com exames, consultas e medicamentos antirretrovirais;

  • Sigilo e confidencialidade sobre o diagnóstico em serviços de saúde, escola e trabalho;

  • Não discriminação em processos seletivos, ambientes escolares, concursos, planos de saúde e outros espaços;

  • Manter-se no trabalho, sem ser afastado injustamente apenas por viver com HIV;

  • Atendimento respeitoso, sem piadas, humilhações ou perguntas invasivas.

Quando uma pessoa já é PCD e também vive com HIV, é importante lembrar que uma condição não anula a outra: ela continua tendo direito tanto às políticas de saúde voltadas ao HIV/Aids quanto às políticas de inclusão da pessoa com deficiência.


Dezembro Vermelho com olhar inclusivo

Aqui no Cantinho dos Amigos Especiais, falamos sempre de inclusão, empatia e respeito à diversidade. No contexto do Dezembro Vermelho, isso significa:

  • Lembrar que qualquer pessoa pode se infectar com HIV, independentemente de religião, orientação sexual, classe social ou diagnóstico de deficiência;

  • Entender que HIV não se transmite por abraço, aperto de mão, beijo social, compartilhamento de talheres ou convívio no ambiente de trabalho ou na escola;

  • Combater frases de culpa e julgamento, que só aumentam o sofrimento de quem já enfrenta um momento delicado;

  • Garantir que pessoas com deficiência tenham acesso real às campanhas, aos exames, ao transporte para os serviços de saúde e às informações em formatos acessíveis.

Se você é mãe, pai, cuidador, profissional da educação, da saúde ou apenas alguém que se importa, pode ajudar:

  • conversando com linguagem clara e sem terrorismo;

  • orientando adolescentes e jovens sobre prevenção, sem tabu;

  • apoiando quem recebeu um diagnóstico positivo, sem afastamento nem preconceito.


Como cada um pode participar do Dezembro Vermelho

Não é preciso organizar um grande evento para fazer parte da campanha. Pequenas atitudes também têm valor:

  • Usar o laço vermelho ou algum detalhe vermelho na roupa como símbolo de apoio e solidariedade;

  • Divulgar onde, na sua cidade, há testagem gratuita para HIV e outras ISTs;

  • Se você nunca fez o teste, considerar aproveitar esse mês para cuidar da sua própria saúde;

  • Se você convive com HIV, manter o acompanhamento em dia e, se for possível para você, ser uma voz de informação e esperança;

  • Não aceitar piadas, memes ou comentários preconceituosos: uma fala respeitosa pode mudar o clima de uma roda de conversa, de um grupo ou de uma sala de aula.


Uma mensagem final de acolhimento

Dezembro é mês de balanço, de agradecer pela vida e de renovar compromissos. No Dezembro Vermelho, o convite é:

  • cuidar do próprio corpo,

  • respeitar o corpo e a história do outro,

  • lembrar que ninguém é reduzido a um diagnóstico.

HIV não define caráter, valor, inteligência, espiritualidade nem capacidade de amar.

No Cantinho dos Amigos Especiais, reafirmamos:
toda pessoa merece acolhimento, tratamento digno, informação acessível e a chance de seguir a vida com esperança.

Se este texto tocou você, compartilhe. Às vezes, uma simples postagem é a ponte entre alguém e o cuidado que ela está precisando.


Para saber mais (links)

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