No Brasil, essa campanha foi criada por lei e tem como objetivo reforçar a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas que vivem com o HIV. É um convite à informação, ao cuidado e ao respeito.
No Cantinho dos Amigos Especiais, olhamos para esse tema com carinho especial, pensando principalmente em quem já enfrenta outros desafios de saúde, deficiência ou acessibilidade, e que muitas vezes não se sente incluído nas campanhas tradicionais.
HIV e Aids: não são a mesma coisa
Ainda hoje, muita gente confunde HIV com Aids, e essa confusão alimenta o medo e o preconceito.
HIV é o vírus da imunodeficiência humana.
Aids é a síndrome que pode se desenvolver quando o sistema imunológico fica enfraquecido pelo HIV, favorecendo o surgimento de infecções oportunistas e outras complicações.
A pessoa pode viver com HIV por muitos anos sem desenvolver Aids, especialmente quando faz acompanhamento regular e segue corretamente o tratamento com medicamentos antirretrovirais.
Graças aos avanços da medicina, quem vive com HIV pode ter qualidade de vida, trabalhar, estudar, formar família e envelhecer, desde que tenha acesso ao tratamento e seja respeitado em seus direitos.
Por que ainda precisamos falar disso?
Talvez alguém pense: “Mas isso não é coisa do passado?”. Infelizmente, não.
O Brasil ainda registra novos casos de HIV e Aids todos os anos, e, embora a mortalidade tenha diminuído com o tratamento, o número de infecções continua sendo motivo de preocupação.
No cenário mundial, organismos internacionais mostram que as novas infecções e as mortes relacionadas à Aids diminuíram nas últimas décadas, mas a meta de acabar com a Aids como problema de saúde pública ainda não foi alcançada. Em outras palavras: já melhoramos, mas ainda não é hora de relaxar.
E por trás de cada número existe uma pessoa com história, sentimentos, família, projetos e sonhos. Muitas delas também convivem com deficiência física, visual, intelectual, autismo ou outras condições, o que pode dificultar o acesso à informação, à testagem e ao tratamento.
Prevenção combinada: várias formas de se cuidar
O Dezembro Vermelho não é uma campanha só de alerta, mas também de esperança e orientação prática. Hoje se fala em prevenção combinada, que reúne várias estratégias:
Camisinha (preservativo interno e externo): continua sendo uma das formas mais eficazes de prevenção do HIV e de outras ISTs.
Testagem regular: os exames são oferecidos gratuitamente no SUS, incluindo testes rápidos em muitos serviços. O diagnóstico precoce ajuda a iniciar o tratamento na hora certa e a viver melhor.
PrEP (profilaxia pré-exposição): medicamento tomado por pessoas HIV negativas em situação de maior risco, que ajuda a evitar a infecção.
PEP (profilaxia pós-exposição): tratamento de emergência após uma situação de risco (relação sexual desprotegida, violência sexual ou acidente com material biológico), que precisa ser iniciado em até 72 horas.
Tratamento de quem vive com HIV: quando a pessoa faz o tratamento corretamente e atinge carga viral indetectável, a transmissão por via sexual deixa de acontecer (o princípio conhecido como “Indetectável = Intransmissível”).
Para pessoas com deficiência, tudo isso precisa ser acessível:
materiais em linguagem simples,
letras ampliadas para quem tem baixa visão,
recursos em Libras para a comunidade surda,
ambientes físicos acessíveis,
profissionais preparados para atender com calma, empatia e respeito.
Direitos de quem vive com HIV
O Dezembro Vermelho também fala de direitos humanos e cidadania.
Quem vive com HIV tem direito a:
Tratamento gratuito pelo SUS, com exames, consultas e medicamentos antirretrovirais;
Sigilo e confidencialidade sobre o diagnóstico em serviços de saúde, escola e trabalho;
Não discriminação em processos seletivos, ambientes escolares, concursos, planos de saúde e outros espaços;
Manter-se no trabalho, sem ser afastado injustamente apenas por viver com HIV;
Atendimento respeitoso, sem piadas, humilhações ou perguntas invasivas.
Quando uma pessoa já é PCD e também vive com HIV, é importante lembrar que uma condição não anula a outra: ela continua tendo direito tanto às políticas de saúde voltadas ao HIV/Aids quanto às políticas de inclusão da pessoa com deficiência.
Dezembro Vermelho com olhar inclusivo
Aqui no Cantinho dos Amigos Especiais, falamos sempre de inclusão, empatia e respeito à diversidade. No contexto do Dezembro Vermelho, isso significa:
Lembrar que qualquer pessoa pode se infectar com HIV, independentemente de religião, orientação sexual, classe social ou diagnóstico de deficiência;
Entender que HIV não se transmite por abraço, aperto de mão, beijo social, compartilhamento de talheres ou convívio no ambiente de trabalho ou na escola;
Combater frases de culpa e julgamento, que só aumentam o sofrimento de quem já enfrenta um momento delicado;
Garantir que pessoas com deficiência tenham acesso real às campanhas, aos exames, ao transporte para os serviços de saúde e às informações em formatos acessíveis.
Se você é mãe, pai, cuidador, profissional da educação, da saúde ou apenas alguém que se importa, pode ajudar:
conversando com linguagem clara e sem terrorismo;
orientando adolescentes e jovens sobre prevenção, sem tabu;
apoiando quem recebeu um diagnóstico positivo, sem afastamento nem preconceito.
Como cada um pode participar do Dezembro Vermelho
Não é preciso organizar um grande evento para fazer parte da campanha. Pequenas atitudes também têm valor:
Usar o laço vermelho ou algum detalhe vermelho na roupa como símbolo de apoio e solidariedade;
Divulgar onde, na sua cidade, há testagem gratuita para HIV e outras ISTs;
Se você nunca fez o teste, considerar aproveitar esse mês para cuidar da sua própria saúde;
Se você convive com HIV, manter o acompanhamento em dia e, se for possível para você, ser uma voz de informação e esperança;
Não aceitar piadas, memes ou comentários preconceituosos: uma fala respeitosa pode mudar o clima de uma roda de conversa, de um grupo ou de uma sala de aula.
Uma mensagem final de acolhimento
Dezembro é mês de balanço, de agradecer pela vida e de renovar compromissos. No Dezembro Vermelho, o convite é:
cuidar do próprio corpo,
respeitar o corpo e a história do outro,
lembrar que ninguém é reduzido a um diagnóstico.
HIV não define caráter, valor, inteligência, espiritualidade nem capacidade de amar.
No Cantinho dos Amigos Especiais, reafirmamos:
toda pessoa merece acolhimento, tratamento digno, informação acessível e a chance de seguir a vida com esperança.
Se este texto tocou você, compartilhe. Às vezes, uma simples postagem é a ponte entre alguém e o cuidado que ela está precisando.
Para saber mais (links)
Campanha “Dezembro Vermelho” – Biblioteca Virtual em Saúde / Ministério da Saúde:
https://bvsms.saude.gov.br/dezembro-vermelho-campanha-nacional-de-prevencao-ao-hiv-aids-e-outras-infeccoes-sexualmente-transmissiveis-2/Lei nº 13.504/2017 – Institui a campanha nacional Dezembro Vermelho (Planalto):
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13504.htmBoletins Epidemiológicos – HIV e Aids (Ministério da Saúde):
https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/boletins-epidemiologicos/2024Estatísticas globais sobre HIV – UNAIDS Brasil:
https://unaids.org.br/estatisticas/
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