Quando a Síndrome de Asperger foi descrita
Em 1944, o pediatra austríaco Hans Asperger descreveu um grupo de crianças com grande dificuldade de socializar, pouco jeito para entender emoções dos outros, interesses muito específicos e certa “desajeitada” motora. Décadas depois, essa descrição ficou conhecida como “Síndrome de Asperger”. Ela entrou nos manuais oficiais de diagnóstico nos anos 1990 e, em 2013, foi incorporada ao Transtorno do Espectro Autista. Na prática, quem tinha diagnóstico de Asperger, hoje é reconhecido como pessoa autista, geralmente sem atraso de linguagem e com intelecto dentro ou acima da média.
O que é, em palavras simples
De forma bem direta, o que antes se chamava Síndrome de Asperger é um perfil de autismo em que a pessoa:
não tem atraso para falar
tem inteligência dentro ou acima da média
apresenta dificuldades importantes de interação social e comunicação social
costuma ter interesses muito específicos, rotina rígida e, muitas vezes, sensibilidade a sons, luzes, cheiros ou texturas
Não é frescura, má educação nem falta de esforço. É uma condição neurobiológica, ou seja, ligada à forma como o cérebro se desenvolve.
Principais características
Cada pessoa é única, mas alguns pontos aparecem com frequência.
Dificuldades na interação social
A pessoa pode ter dificuldade para iniciar ou manter conversas de “bate-papo”, falar por muito tempo sobre um assunto de interesse sem perceber se o outro está cansado, ter dificuldade para “ler” expressões faciais e tom de voz. Às vezes, parece fria ou sem empatia, quando na verdade sente muito, mas não sabe demonstrar.Comunicação diferente
Em geral, não há atraso na fala. Algumas pessoas usam um vocabulário mais formal, falam “difícil” ou parecem pequenas “enciclopédias”. Também é comum entender tudo ao pé da letra, com dificuldade para ironias, piadas e indiretas.Interesses intensos e necessidade de rotina
É comum ter interesses muito fortes em temas específicos (trens, mapas, astronomia, programação, jogos, história, e assim por diante), estudando-os com grande profundidade. Há forte preferência por rotinas previsíveis; mudanças inesperadas podem gerar ansiedade, irritação ou crise.Sensibilidades sensoriais
Algumas pessoas se incomodam bastante com barulhos (aplausos, trânsito, aspirador), cheiros, luzes fortes, texturas de roupa ou de comida. Outras buscam estímulos: gostam de balançar o corpo, olhar para luzes, cheirar objetos, tocar sempre em certas superfícies.Coordenação motora
Pode existir certa “desajeitada” motora: dificuldade com esportes, correr, pegar bola, pular corda. A escrita à mão pode ser cansativa ou pouco legível.Pontos fortes frequentes
Muitas pessoas autistas com esse perfil têm grande capacidade de concentração, memória detalhada para assuntos que amam, senso de justiça aguçado, honestidade e comprometimento com regras. Em ambientes acolhedores, isso pode se transformar em talento em áreas acadêmicas, artísticas ou profissionais.
Por que o nome mudou
Ao longo do tempo, especialistas perceberam que não fazia sentido separar “autismo clássico”, “síndrome de Asperger” e outros quadros muito parecidos. Todos fazem parte de um mesmo espectro, com diferentes níveis de apoio necessários. Por isso, os manuais atuais usam o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA), descrevendo se há ou não atraso de fala, se existe deficiência intelectual e qual o grau de apoio que a pessoa precisa no dia a dia.
Para a família, mais importante do que o nome exato é entender as necessidades da pessoa, garantir direitos, combater o preconceito e construir um ambiente que permita qualidade de vida.
Cuidados e apoios necessários
1. Informação e acolhimento
A primeira necessidade é compreensão. A pessoa não é “esquisita” ou “mal-educada”. Ela percebe o mundo de outra forma. Explicações claras, sem ironia, e a participação da própria pessoa na conversa sobre o que ajuda e o que atrapalha são fundamentais.
2. Na família
A família pode ajudar muito ao evitar gritos, humilhações e comparações. Avisar com antecedência sobre mudanças de rotina, respeitar momentos de silêncio e descanso sensorial e apoiar os interesses especiais como forma de estudo, lazer ou até futuro trabalho são atitudes que fazem diferença.
3. Na escola
Professores informados mudam o jogo. Pequenas adaptações ajudam: instruções por escrito, tarefas divididas em etapas, ambiente mais silencioso quando possível, espaço para que a criança ou adolescente se retire um pouco quando estiver sobrecarregado. Combater ativamente o bullying é essencial, porque esse grupo está em alto risco de sofrer exclusão e zombaria.
4. No trabalho
No ambiente profissional, funciona melhor uma comunicação direta e objetiva, sem joguinhos ou mensagens ambíguas. Sempre que possível, é importante permitir ajustes como fone abafador de ruído, iluminação mais suave e um espaço calmo para pausas. O foco deve ser o resultado do trabalho, e não se a pessoa segue ou não os códigos sociais informais da empresa.
5. Acompanhamento profissional
Nem todo mundo vai precisar de todas essas terapias, mas podem ser úteis: psicoterapia que respeite a neurodiversidade, fonoaudiologia para trabalhar comunicação social, terapia ocupacional para questões sensoriais e de autonomia, além de neurologista ou psiquiatra quando houver ansiedade, depressão, TDAH ou outras condições associadas.
Linguagem respeitosa e identidade
Algumas pessoas gostam de se identificar como “aspies”, usando o termo antigo. Outras preferem ser chamadas de “autistas” ou “pessoas autistas”. A regra de ouro é simples: perguntar como a própria pessoa prefere ser chamada e respeitar sua escolha. O movimento da neurodiversidade convida a sociedade a enxergar o autismo como uma variação humana, com desafios e potencialidades, e não apenas como um problema.
Resumo para quem nunca tinha ouvido falar
A Síndrome de Asperger foi descrita em 1944 por Hans Asperger.
Hoje, ela não aparece mais como diagnóstico separado: faz parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Em geral, envolve boa fala, inteligência dentro ou acima da média, dificuldades sociais importantes, interesses intensos, rotina rígida e sensibilidades sensoriais.
Não é falta de educação: é um modo diferente de funcionamento do cérebro, que exige compreensão e adaptações.
Informação, acolhimento, combate ao bullying e apoio especializado, quando necessário, permitem que a pessoa tenha uma vida com dignidade, autonomia possível e participação plena na sociedade.
Links para saber mais
(para quem quiser pesquisar depois)
Organização Mundial da Saúde – Perguntas e respostas sobre Transtorno do Espectro Autista
Associação “Autismo & Realidade” – Cartilhas sobre autismo e diagnóstico
Revista Brasileira de Psiquiatria – Artigos de revisão sobre autismo e Síndrome de Asperger
Portal Drauzio Varella – Conteúdos sobre autismo e desenvolvimento infantil
Texto e imagem produzidos com inteligência artificial.Autor responsável: José Eduardo Thomé de Saboya Oliveira.
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