A pressão ocular é a força que o líquido dentro do olho (o humor aquoso) exerce sobre as paredes internas. Ela precisa ficar dentro de uma faixa saudável para que as estruturas do olho funcionem bem, principalmente o nervo óptico, que leva a imagem ao cérebro. Quando essa pressão sobe além do ideal e se mantém alta por muito tempo, pode provocar danos ao nervo e levar à perda gradual da visão, muitas vezes irreversível.
Um dos riscos mais conhecidos da pressão ocular alta é o glaucoma, doença que pode evoluir silenciosamente por anos. A pessoa pode continuar enxergando bem para frente, mas começa a perder a visão lateral, sem perceber. Em fases mais avançadas, passa a ver como se estivesse olhando por um “túnel” e, se não houver tratamento, pode chegar à cegueira. Por isso, é tão importante entender que “não sentir nada” não significa “não ter nada”.
Alguns grupos precisam de atenção redobrada: pessoas com histórico de glaucoma na família, diabéticos, pessoas com pressão arterial muito alta ou muito baixa, quem usa colírios por muito tempo sem orientação, pessoas com alta miopia, além de quem já sofreu algum trauma nos olhos. Idosos também merecem cuidado especial, pois o risco de alterações oculares aumenta com a idade. Para o público com deficiência, qualquer perda adicional de visão pode comprometer ainda mais a independência, a mobilidade e a participação social.
A boa notícia é que existem formas de prevenção. Consultas regulares com o oftalmologista são o primeiro passo. Em geral, recomenda-se que adultos façam exame de vista pelo menos uma vez ao ano, ou conforme orientação do médico. Nessas consultas, além do famoso “ler as letrinhas”, o especialista mede a pressão ocular, examina o fundo de olho e avalia o nervo óptico. Quem já tem fatores de risco pode precisar de acompanhamento mais frequente.
Alguns hábitos também ajudam a cuidar da saúde dos olhos como um todo: controlar o diabetes e a pressão arterial, não fumar, ter uma alimentação equilibrada rica em frutas, verduras e alimentos com ação antioxidante, praticar atividade física regular e evitar o uso prolongado de medicamentos sem indicação, especialmente colírios com corticoide. Proteger os olhos de traumas, usando óculos adequados em atividades de risco, também faz parte desse cuidado.
E o que fazer quando a pressão ocular está alterada? Em primeiro lugar, seguir à risca a orientação do oftalmologista. O tratamento mais comum é o uso de colírios específicos, em horários certos, todos os dias. Em alguns casos, podem ser necessários procedimentos a laser ou cirurgias para ajudar a controlar melhor essa pressão. É importante não interromper o tratamento por conta própria, mesmo quando não houver sintomas: a proteção do nervo óptico depende dessa regularidade.
Para pessoas com deficiência visual, intelectual ou motora, a família e os cuidadores têm papel essencial: ajudar na aplicação correta dos colírios, organizar os horários, marcar as consultas, explicar de forma simples o que está acontecendo e observar qualquer mudança na forma de enxergar ou na rotina. Pequenos ajustes, como aumentar a iluminação da casa, usar contrastes de cores nos ambientes e adaptar materiais de leitura, podem garantir mais segurança e conforto enquanto o tratamento é realizado.
Cuidar da pressão ocular é, no fundo, cuidar da possibilidade de continuar vendo o mundo – seja com os próprios olhos, seja com recursos de baixa visão, bengalas, leitores de tela e outras tecnologias assistivas. No Cantinho dos Amigos Especiais, defendemos que prevenção também é inclusão: quando a saúde dos olhos é acompanhada com carinho e responsabilidade, damos mais chances para que cada pessoa mantenha a sua autonomia, aproveite melhor os recursos que já usa e siga construindo sua história com dignidade e esperança.

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