Todos dizem que sou cego
Pois me vêem tatear
Mas nem sabem quanto “enxergo”
Do que não posso contar
Algumas coisas não “vejo”
Isso não posso negar
Mas aproveitando o ensejo
Convém agora explicar:
Que pena, não vejo o sol
Se esconder no horizonte
Que encanta com o arrebol
Ou surge por trás do monte
Não vejo as tão belas rosas
Que me dariam prazer
E as muitas coisas penosas
Até prefiro não ver
Não vejo a poluição
No céu cinzento e sem brilho
Nem o rosto de aflição
Da mãe a chorar seu filho
E as cenas da violência
Por muitos apreciadas
Mostradas com insistência
Que bom que não vejo nada
Mas vejo a sinceridade
Do amigo mais que um irmão
Numa pequena bondade
Com olhos do coração.
*Silvio Souza
Poeta da Casa do Poeta Lampião de Gás de São Paulo
Registrado no EDA - Escritório de Direitos Autorais
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – RJ
silviofadesouza@gmail.com
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