Pelo menos dez milhões de brasileiros sofrem de algum grau de surdez. É a segunda deficiência mais comum entre nós. Mas parece que o Brasil não estar preparado para incluir esses cidadãos.
O “trio ternura” mostrado no vídeo é formado por meninas lindas que nasceram surdas e, antes de completar dois anos, fizeram um implante coclear, uma prótese que devolve a audição. Emilly, Ana e Manoela cresceram ouvindo tudo e deu nisso: cantam e falam pelos cotovelos.
Essa vida é um direito garantido por lei para os mais de 10 milhões de brasileiros com algum grau de surdez. O implante, por exemplo, é fornecido de graça pelo governo desde 1999. Muitas pessoas não sabem disso, e outras não têm dinheiro para pagar viagem e hospedagem, que o SUS não cobre.
“Basta imaginar uma pessoa que mora no interior de um estado grande e fica com essa dificuldade de transporte, entre o interior e a capital”, diz o médico do Hospital das Clínicas Robinson Tsuji.
Sem o implante, a vida de quem não escuta fica muito mais difícil, principalmente porque a nossa sociedade não está preparada para incluir os surdos. Por exemplo, num aeroporto: bem na hora do embarque, o sistema de alto faltantes anuncia: 'O seu embarque mudou do Portão 2 para o Portão 7'. Sem essa informação, você provavelmente perderá o seu voo.
Dentro da escola a consequência da exclusão é mais grave. Os alunos com audição normal conseguem acompanhar a aula toda, mas quem não escuta bem tem dificuldade mesmo com o aparelho no ouvido. Toda vez que a professora se vira para o quadro, o tom de voz fica mais baixa e o aparelho não consegue captar. E essa parte da explicação, já foi perdida.
Existem soluções: um microfone transmite a voz do professor diretamente para o aparelho auditivo. Onde há alunos com surdez profunda, é fundamental a presença de um intérprete de libras, a Língua Brasileira de Sinais. É lei. Mas nem toda escola tem um.
"A secretaria tem que encaminhar para alguma escola que tenha estrutura especializada”, diz o professor de otorrinolaringologia da USP Ricardo Bento.
Silvana sente falta de material visual para os alunos surdos, que passam a vida recebendo menos informação sobre tudo.
“Se não tiver uma explicação pra que serve, por que que usa e o que é aquilo. Tudo, tudo, tudo precisa ser explicado, senão ele não entende”, diz a intérprete de libras Silvana Torres.
Erika está no ensino médio e quer fazer vestibular para Psicologia. Sabe que vai ter dificuldade. Foi assim desde criança. Mas não falta esperança.
Quando a inclusão dos surdos for uma realidade no Brasil, ela afirma, em libras, "a vida vai ficar melhor"
FONTE: jORNAL NACIONAL - Edição do dia 21/05/2015
21/05/2015 22h34 - Atualizado em 21/05/2015 22h34
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