terça-feira, 16 de dezembro de 2025

👉 Quando o Natal não chega pelos olhos

#PraCegoVer:  Imagem em close, com clima natalino e acolhedor. Em primeiro plano, sobre uma mesa de madeira rústica, há um presépio. No centro, o Menino Jesus em miniatura está deitado em uma manjedoura de madeira, sobre palha. A figura do bebê tem expressão serena e braços levemente abertos.  Duas mãos adultas aparecem com cuidado e delicadeza: uma ajusta a palha da manjedoura e a outra se aproxima suavemente do Menino Jesus, transmitindo gesto de carinho e reverência. À esquerda, parte de outra imagem do presépio é visível, provavelmente de Maria ou José.  Ao fundo, desfocado, aparecem luzes quentes douradas, típicas de decoração de Natal, criando um efeito de brilho suave. A pessoa ao fundo usa óculos escuros e veste uma roupa em tom vinho, estando com o rosto parcialmente fora de foco, o que direciona toda a atenção para o gesto das mãos e o Menino Jesus.  A imagem transmite ternura, respeito, fé e intimidade espiritual, destacando o cuidado simbólico com o nascimento de Jesus.
Para a maioria das pessoas, o Natal chega pelos olhos.

Ele começa a existir quando surgem as árvores enfeitadas nas vitrines, as guirlandas penduradas nas portas, as luzes piscando nas fachadas, os laços vermelhos disputando atenção e um certo excesso de brilho que parece anunciar, com urgência: “É Natal!”. Há quem diga que só sente o Natal quando vê a cidade iluminada, quando passa por um shopping decorado ou quando fotografa uma árvore perfeitamente montada para postar nas redes sociais.

Mas para quem não vê — ou vê pouco — tudo isso é quase irrelevante.


Não porque não seja bonito, mas porque simplesmente não chega. As luzes não piscam para quem não as percebe. As cores não emocionam quem não as distingue. A árvore “linda”, descrita com empolgação, vira apenas um objeto silencioso ocupando espaço. O Natal visual, tão exaltado, passa ao largo de quem não o enxerga.

E então surge um estranhamento inevitável: se o Natal depende tanto do que se vê, o que sobra para quem não vê?

Sobra o som. O cheiro. O toque.

O Natal que se anuncia no barulho diferente da casa, no entra e sai de pessoas, na música que toca mais alto, nos passos apressados. O Natal que chega pelo cheiro da comida sendo preparada, pelo aroma conhecido que desperta memórias, pela mesa que se monta mais cedo do que o normal. O Natal que se revela no toque de um abraço mais demorado, na mão que procura outra com mais cuidado, na voz que chama pelo nome com mais ternura.

Para a pessoa com deficiência visual, o Natal não é um espetáculo: é uma atmosfera.

Ele não está nas vitrines, mas nas conversas. Não está nas luzes, mas nas intenções. Não está nos enfeites, mas na forma como as pessoas se aproximam — ou se afastam.

Talvez por isso doa um pouco perceber que o essencial também vai ficando de fora. Fala-se muito de Papai Noel, de presentes, de decoração, de consumo, de imagens “perfeitas”. Fala-se tanto do cenário que o sentido se dilui. E, curiosamente, quanto mais se enfeita o Natal, mais ele parece perder profundidade — especialmente para quem nunca precisou dos olhos para sentir o mundo.

No fundo, para quem não vê, o Natal só faz sentido quando deixa de ser vitrine e volta a ser encontro. Quando deixa de ser luz e volta a ser calor. Quando deixa de ser aparência e volta a ser presença.

E talvez seja justamente por isso que, no silêncio do coração, longe das árvores brilhantes e das guirlandas impecáveis, seja possível lembrar que o Natal não é sobre o que se enfeita, mas sobre Quem se celebra: Jesus Cristo. Aquele que não precisa ser visto para ser reconhecido, não depende de luzes para iluminar e não se impõe pelos olhos, mas se revela no amor, no acolhimento e na presença sincera entre as pessoas.

Texto e imagem produzidos com inteligência artificial.
Autor responsável: José Eduardo Thomé de Saboya Oliveira.

Nenhum comentário: