Essas práticas, muitas vezes camufladas como “cuidado” ou “proteção”, podem parecer gentis por fora, mas carregam em seu núcleo uma visão distorcida sobre quem é a pessoa com deficiência e qual é o seu lugar no mundo.
Neste artigo, queremos lançar luz sobre esse tema, trazendo reflexões que ajudem famílias, cuidadores, educadores e a sociedade a construir relações mais justas, maduras e realmente inclusivas.
1. Infantilização: quando o olhar reduz a pessoa
Infantilizar é tratar um adulto como se fosse uma criança.
Isso acontece quando alguém usa diminutivos, fala com voz infantilizada, impede que a pessoa faça escolhas simples ou assume tarefas que ela pode desempenhar com autonomia.
A infantilização transmite a mensagem de que a PCD não é capaz, não sabe pensar por si e não deve decidir sua própria vida. Esse comportamento não apenas fere a autoestima, como impacta o desenvolvimento da autonomia, da identidade e até da saúde emocional.
2. Supervalorização: o pedestal que também aprisiona
Se de um lado existe o tratamento infantilizado, do outro há a supervalorização: colocar a pessoa com deficiência em um pedestal, enxergando-a como “herói”, “exemplo de vida”, “inspiração ambulante”.
Esse tipo de olhar também é capacitista, porque desumaniza e padroniza. Transforma a vida da pessoa em espetáculo e esconde suas vulnerabilidades, suas necessidades reais e sua humanidade.
Ninguém precisa ser inspiração o tempo todo.
Ninguém deve ser comparado ou usado como exemplo para validar a superação de outros.
3. A falsa ideia de proteção
Muitos desses comportamentos surgem da vontade de proteger. Entretanto, proteção verdadeira não é sinônimo de controle, nem de exagero.
Proteger é garantir acessibilidade, informação, oportunidades, tratamento digno e respeito à autonomia.
Proteger não é silenciar, impedir, decidir pelo outro ou colocá-lo em posição inferior ou superior.
A fronteira entre cuidado e capacitismo é sutil, mas existe — e precisa ser observada com carinho e consciência.
4. O impacto emocional das atitudes capacitistas
A infantilização e a supervalorização deixam marcas profundas:
- bloqueiam o desenvolvimento da autoconfiança;
- geram dependência emocional e prática;
- provocam sensação de invisibilidade ou inadequação;
- criam relações de poder que dificultam o diálogo e o crescimento.
Quando tratamos alguém como “eterno pequeno” ou como “eterno herói”, estamos tirando aquilo que todos buscamos: o direito de sermos pessoas inteiras, com força e fragilidade, com potencial e limites, com escolhas e responsabilidades.
5. Caminhos para relações mais adultas, dignas e inclusivas
A mudança começa em atitudes simples:
- Perguntar antes de ajudar.
- Perguntar como ajudar.
- Usar linguagem adequada à idade da pessoa.
- Reconhecer capacidades reais, sem exageros.
- Respeitar o tempo, os limites e os desejos individuais.
- Entender que deficiência não define maturidade, caráter, inteligência ou valor.
Construir uma sociedade inclusiva é enxergar a pessoa com deficiência como sujeito de direitos, não como eternos dependentes ou super-heróis.
Conclusão: Inclusão se faz com respeito, não com rótulos
Infantilizar ou supervalorizar não é afeto — é capacitismo.
E capacitismo fere, mesmo quando vem embrulhado em boas intenções.
Aqui no Cantinho dos Amigos Especiais, acreditamos em relações que acolhem sem aprisionar, que apoiam sem limitar, que amam sem reduzir.
A verdadeira inclusão nasce quando olhamos o outro como igual em dignidade, adulto em identidade e livre para ser quem é — com ou sem deficiência.
Fontes:
- Organização Mundial da Saúde – Documentos sobre autonomia e deficiência
- Lei Brasileira de Inclusão (LBI – Lei nº 13.146/2015)
- Conteúdos autorais e reflexões do projeto Cantinho dos Amigos Especiais
Texto e imagem produzidos com inteligência artificial.
Autor responsável: José Eduardo Thomé de Saboya Oliveira.
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