segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Ceratocone: quando a córnea “entorta” e a visão começa a distorcer

Muita gente convive anos com uma visão que “vai e volta”, troca de óculos com frequência e acha que é só “grau aumentando”. Em alguns casos, porém, o problema não está apenas no grau: está no formato da córnea.

O ceratocone é uma condição em que a córnea (a parte transparente na frente do olho) vai ficando mais fina e assumindo uma curvatura irregular, podendo formar um aspecto “em cone”. Essa mudança faz com que a luz não seja focalizada corretamente e a pessoa passe a enxergar com distorção, como se a imagem estivesse “tremida”, “fantasmada” ou borrada.

Por que o ceratocone atrapalha tanto?

Porque ele costuma causar astigmatismo irregular. Em outras palavras: não é apenas um “grau alto” que o óculos corrige facilmente. Em muitos casos, o óculos melhora um pouco, mas não resolve totalmente a deformação da imagem.

E há um ponto importante: o ceratocone pode progredir. Por isso, diagnóstico precoce e acompanhamento fazem muita diferença.

Sintomas que podem indicar ceratocone

Nem todo sintoma significa ceratocone, mas estes sinais merecem atenção — especialmente quando aparecem juntos:

  • Visão embaçada ou distorcida, com sensação de “imagem torta”

  • Aumento frequente do grau (trocas de óculos em intervalos curtos)

  • Astigmatismo que muda muito de um exame para outro

  • Visão dupla/“fantasma” (principalmente em um olho)

  • Dificuldade maior à noite, com halos e brilho em volta das luzes

  • Sensibilidade à luz (fotofobia)

  • Coceira nos olhos (muito comum em quem tem alergias) e hábito de esfregar os olhos

  • Dificuldade para ler letras pequenas mesmo com óculos “novo”

Se você já ouviu frases como “seu astigmatismo está muito irregular” ou “seu exame não bate com a sua queixa”, vale investigar.

Como é feito o diagnóstico?

O oftalmologista pode suspeitar no exame clínico, mas geralmente confirma e acompanha a doença com exames que “mapeiam” a córnea, como:

  • Topografia corneana (mapeia a curvatura)

  • Tomografia/paquimetria (avalia espessura e estrutura)

Esses exames ajudam a entender o estágio, a evolução ao longo do tempo e a melhor estratégia de tratamento.

Tratamento e cuidados: o que costuma ser indicado

O tratamento depende do caso, do estágio e, principalmente, se há progressão. Em geral, as opções incluem:

1) Óculos (nos casos iniciais)

Podem ajudar, mas nem sempre corrigem toda a distorção.

2) Lentes de contato especiais

Muitas pessoas com ceratocone conseguem grande melhora com lentes apropriadas, como rígidas gás-permeáveis, híbridas ou esclerais (estas costumam ser mais confortáveis em vários casos, por apoiarem em outra região e “regularizarem” a superfície óptica).

3) Crosslinking corneano

É um procedimento cujo objetivo principal é frear/estabilizar a progressão (não é “cirurgia para tirar grau”). Quando bem indicado, pode ser decisivo para evitar piora futura.

4) Implantes de anel intracorneano

Em casos selecionados, pode ajudar a regularizar a curvatura e melhorar a qualidade visual (muitas vezes para facilitar o uso de óculos/lentes), mas não substitui o acompanhamento e não é “cura”.

5) Transplante de córnea

É reservado para situações em que outras alternativas não funcionam ou quando há comprometimento importante da córnea. Hoje existem técnicas com recuperação e resultados melhores do que no passado, mas a indicação é sempre individual.

Cuidados no dia a dia que fazem diferença

Alguns cuidados simples podem ajudar a proteger a córnea e evitar piora:

  • Não esfregue os olhos. Se há coceira, trate a causa (alergia, olho seco).

  • Controle de alergias (rinite/conjuntivite alérgica) com orientação médica.

  • Use lubrificantes oculares se o oftalmologista indicar.

  • Faça acompanhamento periódico, mesmo quando “parece estar tudo igual”.

  • Se usa lentes: siga rigorosamente higiene, tempo de uso e revisões da adaptação.

  • Proteja-se do excesso de luz com óculos de sol de boa qualidade (se for confortável para você).

Quando procurar ajuda com urgência?

Procure atendimento oftalmológico o quanto antes se houver:

  • Dor forte no olho

  • Vermelhidão intensa com piora rápida da visão

  • Sensação de “névoa” súbita ou queda abrupta da visão

  • Intolerância repentina a lentes que antes eram confortáveis

Um recado para o nosso Cantinho

O ceratocone pode assustar no começo, mas a boa notícia é: há caminhos — e o principal deles é não deixar para depois. Com exames adequados, acompanhamento e a estratégia certa (óculos, lentes, procedimentos para estabilização), muita gente mantém autonomia, estudo, trabalho e qualidade de vida.

Se este texto ajudou você, compartilhe com alguém que vive “trocando de óculos” e ainda não entendeu o porquê. Informação, aqui, também é acessibilidade.


Referências

  • Revisão sobre diagnóstico/manifestação do ceratocone (SciELO). SciELO Brasil

  • Crosslinking para ceratocone (relatório técnico – CONITEC/Ministério da Saúde). antigo-conitec.saude.gov.br

  • Crosslinking: objetivo de interromper a progressão (artigo na Revista Brasileira de Oftalmologia – SciELO). SciELO Brasil

  • Importância de não coçar os olhos no ceratocone (Drauzio Varella). Drauzio Varella

  • Relação entre alergia ocular/fricção e ectasia/ceratocone (ASBAI/AAAAI). ABRIA

Texto e imagem produzidos com inteligência artificial.
Autor responsável: José Eduardo Thomé de Saboya Oliveira.

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