segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

🛵 Quando o Delivery Falha, Quem Sofre Somos Nós: PCDs e Pessoas com Mobilidade Reduzida São as Mais Prejudicadas em São Paulo

Nos últimos anos, os aplicativos de entrega se tornaram parte fundamental da rotina das famílias paulistanas. Em uma cidade marcada por longas distâncias, mobilidade complexa e alta demanda por praticidade, pedir comida por apps como iFood, Rappi e serviços menores virou solução para minimizar deslocamentos e garantir segurança — especialmente para pessoas com deficiência (PCDs) e pessoas com dificuldades de locomoção, como idosos e pacientes temporariamente imobilizados.

Mas há um problema que insiste em se repetir:
nos finais de semana, alguns desses aplicativos simplesmente falham em atender regiões inteiras da cidade, restringindo entregas, marcando estabelecimentos como “fora da área” ou aumentando de forma drástica os prazos e cancelamentos.

E quando isso acontece, o impacto não é o mesmo para todo mundo.


🔴 Quem mais sofre quando o delivery “desaparece”?

Para muitas pessoas, a indisponibilidade do delivery é um mero incômodo.
Mas para outras, representa um verdadeiro obstáculo à autonomia e à dignidade.

✔️ Pessoas com Deficiência (PCDs)

  • Usuários de cadeira de rodas que enfrentam calçadas esburacadas e inacessíveis.

  • Pessoas com baixa visão ou cegas, que dependem do delivery para evitar deslocamentos perigosos.

  • Pessoas com limitações motoras que não conseguem cozinhar ou sair sozinhas.

Para esse público, o delivery não é luxo: é recurso de sobrevivência urbana.

✔️ Idosos

  • Muitos vivem sozinhos e dependem da entrega para manter alimentação regular.

  • Sair à rua em horários de pico ou à noite pode ser arriscado.

✔️ Pessoas com doenças temporárias ou mobilidade reduzida

  • Pós-operatórios, pessoas usando tala, muletas, botas ortopédicas ou em tratamento médico.

Quando o aplicativo trava, cancela ou simplesmente “não atende” a região, essas pessoas ficam sem alternativa imediata.


🟠 Por que isso acontece?

Os motivos variam, mas alguns fatores se repetem:

  • Baixa oferta de entregadores aos finais de semana.

  • Alta demanda, especialmente em áreas com grande circulação noturna.

  • Ajustes automáticos do algoritmo, que bloqueia ruas, bairros ou até CEPs inteiros para evitar sobrecarga.

  • Falta de planejamento das plataformas para populações vulneráveis.

O problema é que as empresas enxergam apenas números.
Não veem as pessoas que deixam de ser atendidas.


🟣 E a concorrência? Também falha?

Nenhum aplicativo está imune, mas há diferenças:

Rappi

  • Geralmente mantém cobertura mais ampla, mas também restringe áreas em fins de semana de alta demanda.

Apps menores (AppJusto, Aiqfome, Menudino, delivery próprio dos restaurantes)

  • Tendem a oferecer atendimento mais estável, exatamente por operarem com fluxos menores.

  • Muitos priorizam o comércio local e usam entregadores próprios.

Delivery direto via restaurante

  • Em muitos casos, funciona melhor que os aplicativos tradicionais.

  • Muitos estabelecimentos oferecem entrega por WhatsApp com preços menores.


🔵 Como reduzir o impacto para PCDs e pessoas com mobilidade reduzida?

Aqui estão soluções práticas que ajudam de verdade:

1. Criar uma lista local de restaurantes que fazem entrega direta

É útil para famílias, idosos, vizinhos e cuidadores.
Funciona mesmo em momentos de falha dos apps.

2. Pressionar as plataformas por melhorias inclusivas

Reclamações coletivas têm muito mais força.
As empresas monitoram redes sociais de perto.

3. Fortalecer aplicativos alternativos e cooperativos

O AppJusto, por exemplo, foi criado para tratar entregadores e clientes de forma mais justa.

4. Restaurantes podem manter entregadores próprios

É uma alternativa que favorece a comunidade local.

5. Criar rotinas de checagem

Para PCDs que dependem de alimentação entregue, é possível manter opções pré-definidas para emergências — lista de congelados, comidas prontas, opções leves que não exigem preparação complexa.


🟢 Por que isso deveria ser prioridade para as empresas?

Porque acessibilidade não é acessório.
É um direito.

E porque São Paulo é uma cidade onde um em cada quatro moradores tem algum grau de deficiência, limitação permanente ou temporária (dados do IBGE).
Ignorar isso é ignorar a realidade.

O delivery não pode tratar populações vulneráveis como “efeitos colaterais” de seu algoritmo.
Uma cidade inclusiva depende de serviços inclusivos.


🟤 Conclusão

As falhas de atendimento dos aplicativos nos finais de semana não são apenas um problema operacional — são um problema social.
Para a população geral, é uma chateação.
Para PCDs, idosos e pessoas com mobilidade reduzida, pode ser uma barreira ao acesso à alimentação e à autonomia.

É hora de discutirmos esse assunto com seriedade.
E de cobrarmos que as empresas que lucram com a cidade tratem todas as pessoas com o respeito que merecem.

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