segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Quando a Esperança Volta a Brilhar: Implante Biônico Devolve Parte da Visão a Pessoas com Degeneração Macular

Durante muito tempo, a perda definitiva da visão central causada pela degeneração macular parecia um caminho sem volta. Mas a ciência vem mostrando que, quando tecnologia e cuidado humano se encontram, portas antes fechadas podem se abrir. Um exemplo inspirador vem de um estudo da Stanford Medicine, que demonstra como um pequeno implante biônico tem transformado a vida de pessoas que já não acreditavam ser possível voltar a enxergar.

O que é o PRIMA e como ele funciona?

O dispositivo, chamado PRIMA, é um olho biônico sem fio, implantado atrás da retina. Ele trabalha em conjunto com óculos inteligentes e tem um propósito extraordinário: contornar os fotorreceptores que foram destruídos pela doença, enviando estímulos diretamente aos neurônios que ainda permanecem ativos.

Funciona assim:

Os óculos captam as imagens do ambiente.

Essas imagens são convertidas em sinais de luz infravermelha.

O implante transforma essa luz em impulsos elétricos que a retina consegue interpretar.


É, literalmente, criar um novo caminho para a visão — quando o caminho original já não existe mais.

Resultados que emocionam

No ensaio clínico, publicado em 2022 na revista Nature Communications, 32 pessoas com atrofia geográfica — uma forma severa de degeneração macular — participaram do estudo. Os resultados surpreenderam até os pesquisadores:

27 dos 32 pacientes voltaram a ler, alguns após anos sem conseguir distinguir sequer uma letra.

Um dos participantes conseguiu avançar 12 linhas na tabela optométrica, um feito raríssimo em tratamentos para esse tipo de perda visual.

Muitos voltaram a realizar tarefas simples e tão importantes para a autonomia:

ler rótulos,

identificar placas,

se orientar em ambientes públicos.



Alguns apresentaram efeitos leves, como aumento temporário da pressão ocular ou pequenas hemorragias, mas a recuperação foi rápida e considerada segura.

O futuro é promissor

Os cientistas agora trabalham para multiplicar por cinco a resolução do sistema, aproximando cada vez mais a experiência do paciente de uma visão funcional. É um passo gigante para quem já havia perdido a esperança — e uma prova de que a inclusão também passa pela inovação tecnológica.

A restauração da visão, antes vista como ficção científica, torna-se realidade a cada nova descoberta. E, para milhares de pessoas ao redor do mundo, isso significa muito mais do que voltar a enxergar: significa voltar a participar, a reconhecer rostos, a ler histórias, a viver com mais autonomia.


---

📚 FONTE

Nature Communications — 2022
DOI: 10.1038/s41467-022-28125-x
Título original: “Simultaneous perception of prosthetic and natural vision in AMD patients”
Colaboração: Ana Tereza Frederico.

Nenhum comentário: