terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Superlotados, shoppings faturam alto, mas não garantem vagas especiais

A situação de desrespeito em relação às vagas destinadas às pessoas com deficiência, mobilidade reduzida e idosos é a mesma em todas as cidades brasileiras (Nota do blog).

Shoppings lotados não combatem falta de consciência de motoristas

Sábado, semana que antecede as compras de Natal. Quem não gosta de deixar nada para ultima das ultimas horas já começou ir às compras. Resultado: shoppings lotados. Melhor para o comerciante, que não precisa fazer muito esforço para atrair os consumidores. Afinal, o consumo está mesmo em alta e ninguém tem do que reclamar. Quer dizer, nem todos. Há uma parcela de gente que tem do que reclamar, sim: são os idosos e deficientes físicos. Em Cuiabá, os condomínios não garantem suas vagas. Por aqui, prevalece, em grande parte, a história de quem chega primeiro.


Após rodar bastante, dona Anita encontra uma vaga comum Na verdade, na verdade, nem isso. O que prevalece mesmo é a falta de respeito e de exercício de cidadania. Espertos, jovens, mulheres e seus carrões de luxo parecem não dar a mínima para as placas de aviso e tampouco à sinalização vertical: eles veem a vaga, estacionam, descem e não dão a mínima, entrando em seguida para dentro do condomínio de lojas. Valeu a cara de pau e a esperteza. Nem mesmo olhares condenatórios parecem movê-los a mudar de atitude.

Como desculpa para ocupar as vagas, os consumidores reclamaram da demora em encontrar um local para parar, e se queixam que muitas vezes ficam rodando por muito tempo. “Sinceramente, amigo? Parei porque fica mais perto da entrada. Tenho consciência de que estou errada, mas não achei vaga. E tem muita gente que faz isso” – disse uma jovem admitindo que estava indevidamente no local.

A falta de respeito e de dignidade com o próximo chega a limites gritantes. Testemunhas dizem já ter visto até pessoas ocuparem vagas de deficientes, mas que, ao perceberem olhares reprovadores, saiu do carro mancando, como se fosse um deficiente ou tivesse com algum problema físico. Uma vergonha!

Boa parte dessa situação se deve, a rigor, a própria falta de fiscalização nos condomínios. Mais preocupados em garantir a presença de clientes que ajudar no exercício social, as administradoras se limitam a cumprir a lei e nada mais: colocam os avisos e deixa que cada qual que aja de acordo com sua consciência. Em nenhum dos shoppings visitado por 24 Horas News, no movimentado sábado, foram encontradas pessoas destacadas para, ao menos, cobrar respeito a legislação dos que não tem a menor consciência de se garantir tais vagas aos que precisam.

O maior em número de estacionamento, o Pantanal Shopping, a julgar pela quantidade de placas e avisos, reservou 5% das vagas para os idosos, em cumprimento com o Estatuto do Idoso, e 2% para os deficientes. Ao todo, o shopping disponibiliza 2.320 vagas no estacionamento. Destas, 46 são para deficientes físicos, e 115 para os idosos.

Isso, porém, parece não bastar. Pelo menos foi o que aconteceu com Anita*. Ela chegou com seu carro, deu várias voltas e todas – literalmente, todas – as vagas de idosos e deficientes estavam ocupadas. Com muito custo, ela conseguiu um lugar entre “os comuns” que pagam R$ 4,00 pela empresa que explora o estacionamento nos três condomínios da cidade.

Com dificuldade, conseguiu sair do carro – a vaga era apertada porque os carros estavam mal estacionados. Ajeitou a bengala e atravessou todo o pátio até adentrar ao local. Questionada, ela preferiu não se queixar. “Filho, já estou acostumada com isso. Já cansei de brigar. Nem quero que meu nome apareça nisso, por favor. Não adianta nada mesmo” – disse, resignada, entre testemunhas. Ainda assim, não se furtou a falar mais: “Não é só aqui não. Em quase todos os lugares a gente sofre discriminação”. Anita, porém, permitiu que seu veículo fosse fotografado.

A direção do Pantanal Shopping, por meio de assessoria, afirmou que seu estacionamento está de acordo com as leis vigentes. No entanto, não pode multar quem descumpre a legislação. “Só nos cabe fazer orientações, se algum cliente estacionar na vaga para idosos ou deficientes, os seguranças orientem para retirar o veículo. Mas se não quiser sair, não podemos obrigar. Esse é um problema cultural do brasileiro” – explicou uma funcionária.

Para melhorar a situação, o shopping ampliou o quadro de funcionários e realizou nesse ano amplas campanhas de conscientização. O condomínio também disponibiliza aos clientes uma tenda chamada “carro carona”. São dois veículos que circulam no estacionamento e levam as pessoas até as entradas do shopping. “Há um esforço para melhorar e já estamos estudando alguns projetos para isso” –ela salienta.

No Três Américas, a situação é muito parecida. Com o estacionamento em espiral, não há um funcionário sequer para dizer ao motorista “inconsciente” de que a placa com o boneco em uma cadeira de rodas ou de com uma bengada é reservada a uma clientela especial. No Gaiabeiras, o quadro é um pouco amenizado. Com as vagas apertadas, nesta época do ano, a administradora colocou manobristas para facilitar a vida dos frequentadores.

Um dos exemplos de garantia de vagas, não importa o período do ano, pode ser visto no Supermercados Big-Lar. Cones são colocados nas vagas reservadas aos deficientes e idosos. Ali perto, no estacionamento subterrâneo do Modelo e também na própria estrada principal, é comum ver pessoas normais ocupando vagas irregularmente.

Fonte: :http://www.24horasnews.com.br/ via DeficienteCiente

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