sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Número de autistas no Brasil é desconhecido

O Brasil ainda desconhece seus autistas. O país não tem uma pesquisa de prevalência para saber qual a taxa de incidência do distúrbio na população. O dado numérico é considerado o primeiro passo para normatizar uma política pública de atendimento aos autistas.

Segundo a presidente da ONG Autismo & Realidade, Paula Balducci de Oliveira, o Brasil adota números do autismo dos Estados Unidos, onde a doença atinge uma em cada 110 crianças.

_Pelas características dos países e pela pesquisa lá ser bem séria, adotamos esse número – afirma. Estimativas da ONU dão conta de que seriam 70 milhões de autistas em todo o mundo.

Cristiane Silvestre de Paula, pós-doutora em Psicologia Médica e Psiquiatria e consultora do Comitê Científico da Autismo& Realidade, diz que, em tese, o Sistema Único de Saúde (SUS) está desenhado para atender as crianças autistas.

_ O formato é o atendimento multidisciplinar com pediatras, psicólogos e psiquiatras – afirma.

Na prática, porém, não existem estruturas suficientes para o atendimento. Uma pesquisa piloto feita em 2010 em Atibaia, interior de São Paulo, revelou uma taxa de autismo de 0,3% em jovens de até 20 anos. Por esses números, seriam necessários 258 Caps I (Centro de Atendimento Psicossocial para Crianças e Adolescentes) no estado. Hoje, são 30 Caps I para atender todos os distúrbios psiquiátricos.

O estudo realizado em Atibaia revela falhas no diagnóstico da doença.

- Foram encontradas crianças maiores de 10 anos que não eram diagnosticadas. A realidade brasileira é essa – diz.

O diagnóstico precoce é tido como uma das principais armas no tratamento do autismo.

- Nos últimos tempos, as pesquisas descobriram muito. Mas esse conhecimento não chegou na ponta do atendimento, nos pediatras e psicólogos do SUS que fazem o diagnóstico.

Segundo a deputada Rosinha da Adefal (PT do B/AL), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência, há dois projetos de lei apresentados ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, projeto que aguarda tramitação na Câmara.

_ Os projetos preveem a disponibilização de leitos específicos para portadores da doença nos Capes, além da obrigatoriedade das equipes multidisciplinares – diz a deputada.

Fonte: Jornal O GLOBO via DeficienteCiente

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