Para muitos autistas, o overshare não é falta de educação ou “falar demais”. Pelo contrário: costuma ser uma tentativa sincera de se conectar com o outro, expressar emoções ou aliviar ansiedade. Entender o fenômeno sob a perspectiva sensorial, social e comunicacional do TEA é essencial para evitar julgamentos e promover acolhimento.
Por que o overshare acontece no autismo?
1. Dificuldade com “regras sociais invisíveis”
Conversas têm normas implícitas: o quanto compartilhar, quando parar, o que é adequado para cada ambiente.
Autistas muitas vezes não percebem esses limites — ou os percebem tarde demais.
2. Busca genuína por conexão
Para muitos autistas, falar sobre suas próprias vivências é a forma mais honesta de tentar criar vínculo.
O overshare surge como um gesto de abertura, não de invasão.
3. Regulação emocional
Compartilhar pode funcionar como uma estratégia para aliviar ansiedade ou organizar pensamentos.
O que vem à mente, vem à fala — especialmente em momentos de sobrecarga emocional.
4. Hiperfoco e interesses intensos
Se o assunto envolve um interesse especial, a pessoa pode revelar detalhes muito pessoais ou extensos sem perceber que passou dos limites esperados socialmente.
5. Dificuldades em interpretar sinais sociais
O interlocutor pode demonstrar desconforto, tédio ou surpresa — mas nem sempre esses sinais são percebidos pela pessoa autista.
Overshare NÃO é:
- Falta de caráter
- Desejo de chamar atenção
- Descontrole “intencional”
- Falta de noção ou “frescura”
É um comportamento que tem origem neurodivergente, ligado ao modo como a mente autista percebe, organiza e expressa informações.
Como acolher alguém que faz overshare?
1. Evite julgamentos
O overshare quase sempre nasce da vulnerabilidade. Acolher é mais importante que corrigir.
2. Redirecione gentilmente quando necessário
Exemplo:
“Entendi! Mas antes que a gente se perca no assunto, posso te perguntar uma coisa…?”
3. Estabeleça limites de forma clara e respeitosa
Frases transparentes ajudam muito:
“Eu te escuto, mas neste momento não posso aprofundar muito porque estou no trabalho.”
4. Ofereça segurança emocional
Pessoas autistas podem sentir vergonha depois de compartilhar demais.
Diga algo como:
“Fica tranquilo, você não me incomodou.”
5. Incentive maneiras alternativas de expressão
Escrita, áudios longos em apps, diários, terapia, grupos de apoio — tudo isso ajuda a organizar sentimentos.
Como ajudar a pessoa autista a compreender e lidar com o overshare?
- Ensinar sinais sociais de forma explícita (sem metáforas).
- Usar exemplos práticos de “quando falar”, “quanto falar” e “o que evitar”.
- Criar listas de assuntos adequados para cada contexto: trabalho, internet, consultas médicas, novas amizades etc.
- Reforçar que ela NÃO está errada — só precisa de ferramentas para se sentir mais confortável nas relações.
- Oferecer feedback gentil e imediato, quando houver confiança.
Overshare não é defeito — é traço
Quando o overshare aparece, ele costuma revelar:
- confiança
- vulnerabilidade
- tentativa real de aproximação
- desejo de pertencer
No Cantinho dos Amigos Especiais, entendemos que o objetivo nunca é “mudar o autista”, mas ajudar a sociedade a compreender maneiras diferentes de existir.
Afinal, a comunicação autista é honesta, direta, profunda — e muitas vezes linda.
O overshare é apenas uma faceta disso.
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