Vamos analisar dois aspectos distintos da estereotipia, com seus respectivos cuidados:
🔵 1. Estereotipia como auxílio para a concentração e o foco
Muitas pessoas autistas usam as estereotipias como uma forma de autorregulação sensorial e emocional. Isso pode ajudar a:
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Organizar pensamentos;
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Filtrar estímulos do ambiente (ruídos, luzes, cheiros);
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Canalizar ansiedade ou entusiasmo;
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Manter o foco em tarefas desafiadoras.
📌 Exemplo: Uma criança que balança o corpo para se concentrar durante uma atividade escolar. Esse movimento repetitivo funciona como uma âncora que ajuda o cérebro a manter-se estável.
🧠 Cuidados recomendados:
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Não interromper automaticamente o comportamento, especialmente se ele não estiver prejudicando a criança ou os outros.
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Oferecer ambientes sensoriais seguros que favoreçam o foco sem precisar inibir a estereotipia.
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Acolher a diversidade de expressão corporal, evitando críticas ou punições.
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Observar se a estereotipia ajuda ou atrapalha o desempenho: se estiver favorecendo a concentração, é importante respeitá-la.
🔴 2. Estereotipia com caráter de automutilação
Em alguns casos, a estereotipia pode assumir formas autolesivas, como:
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Bater a cabeça contra a parede;
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Morder as mãos;
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Arrancar cabelo ou unhas;
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Dar tapas no próprio rosto.
Esses comportamentos geralmente têm origem em dor, sobrecarga sensorial, frustração ou sofrimento emocional intenso.
⚠️ Cuidados essenciais:
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Buscar a causa emocional ou sensorial do comportamento (dor física, crise sensorial, frustração, falta de comunicação etc.).
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Evitar punições ou broncas, pois isso pode intensificar o sofrimento.
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Implementar estratégias de substituição, como objetos de mordida, almofadas para impacto ou brinquedos sensoriais.
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Envolver equipe multiprofissional (fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo) para avaliação e intervenção adequada.
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Estabelecer rotinas previsíveis, que ajudam a reduzir as crises e os comportamentos autolesivos.
🟡 Conclusão
Nem toda estereotipia precisa ser “corrigida”. Algumas fazem parte da identidade e do equilíbrio emocional da pessoa autista. O foco deve ser sempre a qualidade de vida, com respeito e compreensão. Quando o comportamento envolve risco, o cuidado deve ser humanizado, nunca coercitivo.
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