segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Inclusão Parcial Não É Inclusão: Reflexões sobre Acessibilidade e Unidade entre Pessoas com Deficiência

Imagem produzida com inteligência artificial.
Seja qual for o porte de uma empresa, a concorrência é algo de que não se pode fugir. Seja qual for o ramo do negócio, sempre haverá alguém oferecendo  o mesmo produto ou serviço, e quem quiser sobreviver precisa, no mínimo, ter (e cuidar muito bem) de um diferencial que faça as outras pessoas olharem para essa empresa e não para as outras. Até aí, nada além do óbvio foi dito, certo? Parece que, para alguns, não.

Sorveterias italianas já foram bem mais raras no mercado. O sorvete italiano. apesar de um pouco mais caro devido aos ingredientes selecionados e ao seu processo de produção, é um produto apreciado por muitos. Mesmo sendo, digamos assim, um "artigo de luxo", existe concorrência. Para sobreviver, cada estabelecimento precisa apresentar alguma característica que o diferencie dos demais. E, nesse diferencial, precisa ser competente para não se tornar "mais um na multidão".

Chegamos ao ponto.

Sábado passado (30/11/2024), um grupo de pessoas interessadas no estudo da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) reuniu-se na sorveteria IL SORDO, no bairro de Pinheiros. A razão da escolha do local foi o fato de todos os atendentes do estabelecimento serem pessoas com deficiência auditiva, comunicando-se em LIBRAS, o que propiciaria ao grupo a oportunidade de colocarem em prática e compartilharem seus conhecimentos.

Lamentavelmente, a acessibilidade do estabelecimento limita-se às pessoas com deficiência auditiva. Pessoas com baixa ou nenhuma visão, assim como cadeirantes e outras pessoas com mobilidade reduzida, têm imensas dificuldades no local. Sanitários só existem na parte inferior do estabelecimento, obrigando quem está no andar superior a descer e subir dois lances de escadas sempre que precise ir ao sanitário, ou mesmo, queira pegar outro sorvete. Quem chega ao estabelecimento pega seu sorvete no piso inferior. Se subir e quiser tomar outro sorvete, é obrigado a descer e subir novamente as escadas. Não há atendentes para servir o piso superior (o que garantiria, inclusive, a geração de mais empregos para deficientes auditivos, já que parece ser esse o foco deles.)

Relatamos os fatos acima a amigos que também possuem pessoas com deficiência nas famílias. A reação foi de espanto e indignação. A impressão é de que cada "categoria" de PCD (como se isso existisse) - ou seja: surdos, deficientes visuais, físicos etc. - só precisasse lutar pela sua "categoria", quando o certo seria todos permanecermos unidos na busca de objetivos comuns.

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