segunda-feira, 12 de novembro de 2012

"É Todo Mundo Junto"



Meu sogro é daqueles que são apegados demais da conta com a família. Para ele, felicidade é quanto “tá todo mundo junto”.

Isso até virou motivo de graça entre o povo lá de casa. Para comer à mesa tem de ser “todo mundo junto”, para ir à padaria, só se for “todo mundo junto”, para tomar um rabo de galo no boteco….. “é todo mundo junto”.
Talvez por eu ter crescido em um núcleo familiar muito pequeno e já estar há um “par de anos” longe de irmãos, cachorros e pagagaios, não estou muito acostumado com a montoeira de gente.
Mas tem também uma razão logística para mim e para demais “malacabados” não querermos estar em muvucas de primos, cunhados, agregados e demais “fila-bóias” de finais de semana…. Calma, eu explico!
Vou dar um exemplo concreto. Domingão foi batizado de meu sobrinho. Acorda cedo, toma um café, sai correndo mundo a fora para chegar no local da cerimônia. “Famiagem” toda reunida, coisa mais linda do mundo, do jeito que o sogro adora!

Eu, menino tímido, fiquei num canto da igreja, num lugar mais confortável para ver o padre dando sermão no povo, para que eu não fosse obstáculo para a passagem de pessoas e também para me deslocar, caso fosse necessário.
Pois acaba a danada da missa e começa o batizado! Digam aí pro tio, meus doooois ou três leitores, como o sogrão queria que os parentes ficassem durante o rito religioso com o moleque???? Isso mesmo, ele queria que o “galerê” se juntasse num banco, pra ficar “todo mundo junto”.

“Vem aqui, Jairo!!! Ficar todo mundo junto”

“Tô bem aqui, meu sogro. Tô feliz, onde estou!!!”.

Claro que não teve jeito. Ele me arrastou para o mais próximo possível de onde estavam os outros! Resultado??? Não vi o padre jogando água na cabeça do menino, nem untando de óleo, nem nada…
Evidentemente que familiares e amigos que querem a gente por perto estão defendendo que não nos apartemos do todo, que fiquemos juntinhos ao amor da família e tals, mas é preciso analisar, algumas vezes, as condições logísticas para isso!
Só o cadeirante sabe onde é o melhor lugar para que ele acompanhe um evento. A logística do nosso ir e vir, às vezes, pode afetar um bocadinho o “todo mundo junto”. O surdo vai saber também onde se posicionar para sentir vibração, o cego vai querer ficar onde possa ouvir bem ou se sinta mais seguro.

Até ganho o rótulo de antissocial, algumas vezes. Admito que sou um “véio” doido e ranzinza em alguns momentos, mas procuro mesmo é garantir que eu consiga, da minha maneira, desfrutar tão bem das festas como os outros, mesmo que, em alguns momentos, não dê pra ficar que nem arroz de terceira: “todo mundo junto”.

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