quarta-feira, 13 de junho de 2012

No Dia dos Namorados, deficientes visuais contam seus romances



Afinidade e companheirismo sustentam histórias de amor e superação. Casais falam sobre seus relacionamentos e valorizam união.

Eronilda Mendes e Luís Carlos Santos revivem emoções da adolescência (Foto: Anna Gabriela Ribeiro/G1)Dizem que o amor aguça os sentidos do corpo humano. Olfato, visão, tato, paladar e audição ficam mais sensitivos quando o coração acelera, quando estamos apaixonados. Mas e se não houver um desses sentidos, as outras sensações ficam mais aguçadas? Já pensou na possibilidade de se privar de um desses sentidos para tornar um relacionamento mais gostoso? Casais de deficientes visuais comprovam que a impossibilidade de enxergar não atrapalha a relação, e ainda aproveitam o fato para valorizar o que realmente importa: a beleza interior.

O casal Eronilda Mendes, de 51 anos, e Luís Carlos Santos, 55 anos, conta estar revivendo emoções da adolescência. Ambos são deficientes visuais e estão namorando há cerca de dois meses. Eles se conheceram no Lar das Moças Cegas, um centro de educação e reabilitação em Santos, no litoral de São Paulo. “Senti uma afinidade durante as nossas conversas. Hoje percebo que ela é a pessoa que sempre procurei. Ela me completa”, diz Luís Carlos.

Eronilda e Luís já foram casados anteriormente com pessoas sem deficiência visual. Mas eles afirmam que a relação atual não é mais difícil, e sim, com mais cumplicidade. “Eu consigo enxergar vultos e sombras, mas a Eronilda não consegue ver nada. Então às vezes eu a guio, amparo, ou desacelero o meu passo para acompanhar o ritmo dela”, afirma o namorado.

Ela também ressalta que o relacionamento está fazendo com que ela ultrapasse barreiras. “Eu nunca tinha saído da minha cidade sozinha, me sentia insegura. Mas na semana passada, pela primeira vez na vida, peguei um ônibus da cidade onde eu moro e fui até Praia Grande só para encontrá-lo. Olha o que o amor não faz”, comenta Eronilda.

O casal afirma que a deficiência visual faz com que eles se sintam melhor. Segundo Luís, a presença física da namorada é percebida logo. Ele conta que ela nem precisa falar quando chega perto. “Eu sinto a presença dela pelo cheiro, pelo acelerar do coração”, diz.
Eronilda conta que o coração acelera tanto que, as vezes, fica difícil controlar as emoções. “Acabamos de levar uma advertência da coordenação do Lar, por dar uns “selinhos mais calientes” na porta da instituiçã”, diverte-se.

Casados

A telefonista Milena Ribeiro, de 29 anos, e o professor Gilmar Ribeiro, de 36 anos, também são deficientes visuais. Eles mantêm um relacionamento há oito anos, sendo dois de casamento. Eles moram sozinhos e levam uma vida normal e feliz.
Questionados sobre a importância de conhecer a aparência física do parceiro, Gilmar diz que gosta da esposa pela pessoa que ela é, pela beleza interior. “Já ela gostou de mim porque pegou no meu braço e sentiu meus músculos”, brinca. Milena desmente, e afirma que se apaixonou pelo companheirismo do marido, pelas conversas e a afinidade.

Para o Dia dos Namorados, os casais comentam que não se importam muito com bens materiais. Milena diz que é romântica e gosta de preparar surpresas, como caixas com doces e cestas com muitos embrulhos. Gilmar prefere que a amada escolha o presente. Já o casal Eronilda e Luís pretende comprar alianças, pelo símbolo de união que o objeto representa. Os quatro, porém, possuem a mesma opinião. O que importa para os dois casais nesta data são os sentimentos.

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