quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ceará é terceiro estado em transplante de órgãos no País



O Ceará tem a 3ª melhor taxa do Brasil e a 1ª do Nordeste em doadores efetivos de órgãos e tecidos. O Estado identificou, em 2011, 373 potenciais doadores. Desses, 148 se tornaram efetivos

Francilene Maciel, 31, doou um dos rins para o filho Dênis, 6. Agora espera a recuperação do garoto. FOTO: IGOR DE MELONo dia da internação, Francilene não aguentou a emoção. O pequeno Dênis, 6, questionou: “Mamãe, a senhora está chorando porque não quer mais me dar seu rim?”. A mãe não conseguiu segurar o riso. “Ele não entendeu que eu estava chorando era de felicidade”, recordou ela, ontem, oito dias após a cirurgia que está modificando a vida do menino. Mais que uma doação, a disposição de Francilene Mesquita Maciel, 31, representou entrega. Ela venceu o medo para poder ver, no filho, o mais simples.

“Ele não podia jogar (bola). Agora, eu quero torcer por ele em todos os jogos”, emociona-se a mãe, sem arrependimento, mesmo tendo de enfrentar o processo de pós-operatório. Dênis ainda se recupera da cirurgia de transplante de rim no Hospital Geral de Fortaleza (HGF).

A vitória da família deve fazer parte das estatísticas de novo recorde em 2012. Ano passado, o Ceará se configurou como primeiro do Nordeste na taxa de doadores efetivos de órgão e tecidos. No Brasil, o Estado ocupa a terceira colocação, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

E pelo empenho dos profissionais de saúde que trabalham com transplantes, novos recordes devem ser conquistados. O Ceará identificou, no ano passado, 373 potenciais doadores. Desses, 148 se tornaram efetivos, o que representa uma taxa 17,5 para cada milhão de pessoas. Em primeiro lugar, Santa Catarina teve 25,4 doadores efetivos por milhão de habitantes e São Paulo, 19,2.

De acordo com a associação, o Ceará foi, proporcionalmente, o maior transplantador de fígado do País em 2011. Foram 18,6 transplantes por milhão da população, à frente de Santa Catarina (17,1) e São Paulo (16,6). Em números absolutos, São Paulo fechou o ano com 684 transplantes de fígado e o Ceará, com 157 transplantes.

“O Ceará sempre está acima da média nacional e nos tornamos referência em transplante de órgão e tecidos”, pontua a coordenadora da Central de Transplantes, Eliana Barbosa. Ela calcula que os resultados apontados pela ABTO se devem a uma série de fatores, como o treinamento de 677 profissionais para diagnosticar a morte encefálica e notificar a central.

Uma das principais dificuldades dos transplantes ainda é a negativa da família. Cerca de 40% dos casos da não efetivação da doação são causadas por falta de esclarecimento dos parentes. “É importante que as pessoas entendam que o diagnóstico de morte encefálica é seguro no Brasil”, avalia. A meta, segundo Eliana, é que o Ceará tenha um crescimento anual de 1 a 1,5 de doação por milhão de habitantes.

A coordenadora comenta que o número de cidades com captação de órgãos tende a crescer em breve. Além de Fortaleza, Sobral e cidades do Cariri fazem hoje a captação de órgãos.


ENTENDA A NOTÍCIA
803 pessoas aguardam na fila da Central de Transplantes do Ceará por um órgão ou tecido. Os campeões da lista são os que aguardam por córnea (362), rim (231), fígado (156), medula óssea (36), coração (13), rins e pâncreas (4) e pulmão (1). Última atualização foi em 7 de fevereiro.

Saiba mais

A taxa de doadores efetivos de órgão contabiliza os possíveis doadores que, de fato, realizaram a retirada do órgão. O órgão precisa estar em condições necessárias para ser recebido por outra pessoa.

Os órgãos e tecidos que são transplantados, no Ceará, são: córnea, rim, fígado, medula óssea, coração e válvulas, pâncreas e pulmão.

Outra problemática ainda enfrentada hoje pela Central de Transplantes está relacionada a demora na identificação da morte encefálica. O descobrimento tardio pode resultar numa parada cardíaca, o que inviabiliza o transplante de órgãos. Tecidos como córneas ainda podem ser transplantados.

No ano passado, o Ceará realizou quatro transplantes de pulmão, enquanto que o Rio Grande do Sul fez 27 e São Paulo, 17.

Na último dia 7, o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes realizou o primeiro transplante pulmonar bilateral do Estado.

O Ceará encerrou 2011 com um total de 1.295 transplantes realizados de órgãos e tecidos. São 419 transplantes a mais do que o total de 875 procedimentos feitos durante todo o ano de 2010.

A única forma de uma pessoa tornar-se doador de órgãos é tendo uma conversa com a família e explicando a sua opção. No caso de uma morte encefálica, serão os parentes de primeiro grau quem irão decidir se os órgãos da pessoa morta irão ou não para transplantes. É importante que seus familiares saibam que você quer ser um doador de órgãos. Por isso, converse com a sua família.

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