Olliver Yoshihiro Shimazu, ou simplesmente Olliver Sax, é do Jaraguá, em São Paulo. É autista e TDAH, nível 2 de suporte. Atualmente, tem boa familiaridade com o sax alto , sax soprano e flauta transversal.
A música chegou na vida de um jovem budista paulistano de forma natural, quase silenciosa — como quem entra pela porta do coração sem precisar bater. Desde pequeno, Olliver amava música.
Na idade adulta, descobriu o amor pelos instrumentos de sopro. Foi ali que nasceu o desejo: aprender a tocar aquele instrumento que tanto o fascinava. Um dia, ele se encheu de coragem e disse a si mesmo , com toda generosidade: “sou capaz de aprender este instrumento mesmo sozinho!”
Olliver teve muita dificuldade nas escolas, que não aceitavam sua neurodiversidade e sua necessidade de aprendizado adaptado. Não aceitavam que ele não conseguia ler partituras convencionalmente. Olliver lia partituras com notas.
Enfrentando o preconceito, Olliver continuou os estudos sozinho.
O primeiro saxofone veio importado, parcelado. A vontade de aprender era maior. Sem conhecer técnica ou posição dos dedos, ele começou a tocar no instinto, no “feeling”. Com o tempo, foi-se dedicando mais, buscando vídeos na internet, tirando músicas de ouvido e, pouco a pouco, passou a se apresentar também em eventos da região.
O instrumento, que já era expressão de beleza, acabou-se tornando, também, instrumento de cura. Em meio a um período turbulento da vida, cheio de pressões e ansiedade, o saxofone virou válvula de escape, forma de respirar e reencontrar equilíbrio. “Eu chorei tocando, mas foi um choro bom, de alívio”, lembra ele.
Hoje, ele continua tocando, mas sem ambições de fama ou palco. Toca por amor, por fé e por conexão. Tem o sonho de participar de casamentos, batismos, festas — mas é nos encontros solitários consigo mesmo que se sente realmente em casa. É ali que tudo começou, e é ali que ele também encontra espaço para retribuir, ensinando o pouco que sabe para quem está chegando agora.
Olliver começou na flauta transversal, evoluiu para o sax alto e, atualmente, toca, também, o sax soprano.
No fim, o som que sai do saxofone não é só música. É espiritualidade que se compartilha em forma de sopro e afeto.
Texto: Oliver Sax e José Eduardo Thomé de Saboya Oliveira.
Imagem: arquivo pessoal.
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